Casais revelam o segredo da longevidade no relacionamento
As pessoas costumam associar o Dia dos Namorados a casais jovens que trocam presentes e vão a jantares românticos. No entanto, as histórias de amor da terceira idade são tão intensas e encantadoras quanto qualquer outra. O envelhecimento acaba proporcionando novas perspectivas e formas enriquecedoras para que esses casais possam viver o amor e permanecer juntos há décadas.
São casamentos que sobreviveram ao tempo e aos desafios, e seguem firmes como rochas. Para inspirar aqueles que acreditam (ou desacreditam) no amor duradouro, o Jornal O Popular conversou com casais que são exemplos de longevidade no casamento e, mesmo com o passar do tempo, preservam sentimentos como amor, carinho e respeito no relacionamento.
O casal André Nivaldo Soares Sobrinho, 80 anos, e Maria de Fátima de Oliveira, 69 anos, completou 47 anos de casamento no dia 26 de maio e se orgulha ao afirmar que o sentimento verdadeiro que os une, os faz superar todas as provações, e uma delas foi a perda dos pais dos dois, num curto período de tempo. O casal tem três filhas e três netos, mora no Jardim Moteleski, e revela que o segredo para uma união tão longa está no respeito e na admiração recíprocos. “Se preocupar com os objetivos do outro também importa”, declara Fátima.
Ela conta que eles se conheceram através de amigos em comum, quando ainda moravam no Rio de Janeiro. “Namoramos um ano e meio e decidimos nos casar. Casamos em 1978, apenas no civil, lá no Rio, onde nascemos e começamos nosso aprendizado de vida. Viemos para Araucária em 2001, e aqui vamos enterrar nossos ossinhos”, brinca.
As três filhas de André e Fátima são professoras, motivo de orgulho para a família. “Somos gratos a Deus por termos filhas autênticas e de bom caráter, comprometidas com seus objetivos. E isso se deve muito à educação que demos a elas”, declara.

Braide Bachega, 77 anos, e Joana Nerci da Silva Bachega, 72, estão casados há 54 anos. Eles têm quatro filhos (um falecido recentemente) e sete netos. O casal conta que se conheceu em um circo, porém quase não se falaram naquele dia. Logo depois, Braide se matriculou na escola onde Joana estudava, para poder se aproximar e falar com ela.
“Nos conhecemos e começamos a namorar. Logo depois o Braide abandonou a escola, porque tinha entrado somente para iniciarmos o namoro (risos)”, relata dona Joana. O “sim” aconteceu no dia 25 de outubro de 1970, após um ano de namoro e um ano de noivado, na Paróquia de São Pedro, na cidade paranaense de Rondon.
O casal, que hoje mora no bairro Porto das Laranjeiras, conta que o momento mais difícil que tiveram que superar juntos foi uma enchente que ocorreu em dezembro de 1980, quando a casa onde moravam ficou debaixo d’água. “Graças a Deus eu e os dois filhos pequenos saímos antes da água subir, e, com a bondade do gerente da Pernambucanas, onde o Braide trabalhava, foi feita uma lista entre os funcionários e conseguimos comprar tudo que perdemos”, relembra.
Dona Joana comemora a união duradoura do casal e diz que o segredo para um relacionamento dar certo é o amor e a compreensão. “Para os nossos filhos, queremos deixar uma lição: que sejam honestos e que quando partirmos desse mundo, continuem amigos, porque o que mais importa na família é a união de todos”.

Luiz (Luizinho) Onofre Karas, 97 anos, e Leocádia Janoski Karas, 89, estão casados há 66 anos – o enlace aconteceu em 10 de janeiro de 1959, na Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios (hoje Santuário). “Casamos em uma sala que fica embaixo da Igreja, porque na época estava tendo uma grande reforma nas instalações da Matriz”, conta dona Leocádia.
O casal, que hoje mora no Jardim Iguaçu, teve 4 filhos: Antônio Claret (em memória), Gláucio, Gilson e Glênio. Eles têm 6 netos: Leopoldo, Maíra, João Gabriel, Vinícius, Matheus e Maria Eduarda.
Dona Leocádia volta no tempo ao relembrar de como ela e Seu Luizinho se conheceram. “Temos um certo parentesco e eu já o conhecia da igreja, ele estava no seminário e sempre se envolvia com as atividades religiosas, inclusive algumas pessoas já o chamavam de ‘padre Luizinho’. Faltando dois anos para ele se tornar padre, desistiu do seminário. Ele me disse que foi depois disso que começou a pensar em encontrar uma companheira”, relembra.
Nesse meio tempo, Seu Luizinho já se encontrava mais com Dona Leocádia, pois ela era muito amiga das suas irmãs e estavam sempre juntas. Ali começou o flerte, e por ser muito tímido, Seu Luizinho mandava recados através da prima, dizendo que gostaria de conversar. Leocádia, por sua vez, recebia os recados, porém não dava muita bola. “Eu tinha receio pelo fato de já chamarem o Luizinho de padre e também medo do que as pessoas poderiam pensar. Até que chegou um dia em que a prima cansou de ser a garota de recados e disse pra ele que eu tinha interesse em conversar. Então, o destino providenciou um encontro e um tempo depois começamos a namorar”, recorda.

Leocádia e Luiz namoraram durante um ano, noivaram por mais um ano, até se casarem. “Durante todos esses mais de 60 anos não tivemos crises que abalaram nosso casamento, acho que foi porque casamos conscientes, sabíamos muito bem o que queríamos. Luizinho é uma pessoa muito positiva e nossa relação sempre foi baseada no amor e no diálogo. Quando um não concorda com algo que o outro faça ou diga, porque no casamento existem divergências de opiniões, a gente sempre tenta conversar para evitar discussões”, diz ela.
Dona Leocádia também rememora o aniversário de 50 anos do casal, dizendo que foi uma data marcante e muito importante para suas vidas, isso porque conseguiram reunir toda a família. “Sempre fomos muito unidos, um segurando a mão do outro. Infelizmente, nosso filho mais velho nos deixou em 2019, e isso acabou abalando toda nossa família, que até hoje sofre com sua ausência”, lamenta.
Um gesto de amor que Luizinho demonstrava à esposa também ficará guardado para sempre. “Ele tinha o costume de me dar uma rosa, mesmo que não fosse em datas especiais. Se saia de casa para resolver alguma coisa, voltava com a flor, e isso foi durante muitos anos”, conta. Todo esse carinho e comprometimento um com o outro, Luiz e Leocádia querem deixar como ensinamento para os filhos. “Sempre falamos para eles que fiquem juntos, que não se separem, porque a separação é o fim de tudo. Os aconselhamos a conversarem com suas esposas, a chegarem a um acordo, sempre tentando evitar a separação. Hoje, ainda somos o elo de ligação da nossa família, e peço a Deus que mesmo quando faltarmos, mantenha todos muito unidos”.
Edição n.º 1469.