A audiência de instrução e interrogatório do réu Tiago Trindade Siqueira, acusado pela morte por asfixia da esposa Eduarda Amabile Correia, 25 anos, em janeiro de 2024, aconteceu no dia 15 de abril, no Fórum de Araucária. Na ocasião, a Juíza Substituta da Vara Criminal de Araucária, Marina Loreta Pasqualotto, determinou que diligências adicionais fossem realizadas, a fim de declarar encerrada a fase de instrução.

Então acusação (MP e assistência a acusação), bem como defesa terão alguns dias para apresentar suas alegações finais e na sequência o processo vai para sentença de pronúncia ou não. Durante a audiência, o Ministério Público manifestou-se por aguardar retorno do ofício ao Instituto Médico Legal, e a defesa do réu alegou que na audiência de custódia, foi solicitado o laudo toxicológico de Tiago, que ainda não foi juntado aos autos. Ambos terão um prazo para apresentar suas alegações finais e na sequência o processo segue para sentença de pronúncia ou não. Caso o réu seja pronunciado, terá início uma nova fase do processo, que é a marcação da data em que Tiago será julgado pelo Tribunal do Júri.

A audiência de instrução e julgamento é uma das etapas mais relevantes do processo criminal. É o momento em que o juiz, as partes e os advogados se reúnem em juízo para a produção das provas orais, como o depoimento pessoal das partes e a oitiva de todas testemunhas arroladas.

RELEMBRE O CRIME

O crime aconteceu no dia 29 de janeiro de 2024, na casa do casal, localizada na Avenida Independência, área rural de Campina das Pedras. Eduarda foi morta após uma discussão com Tiago, motivada por ciúmes. Ele teria exigido que ela lhe mostrasse o conteúdo do celular, e quando a vítima negou, ele a imobilizou, colocando o seu joelho sobre o pescoço de Eduarda. Enquanto isso, tentou fazer com que o celular fosse desbloqueado por reconhecimento facial.

Tiago acreditava que a esposa o traía através de aplicativos de relacionamento, e com o propósito de confirmar as suas infundadas suspeitas, ele iniciou uma briga, cujo centro foi o desbloqueio facial do celular dela. Por repetidas vezes a vítima não permitiu o acesso ao celular dela, o que deixou o companheiro descontrolado. Ele então teria iniciado uma luta corporal e derrubado Eduarda no chão do quarto, forçando-a a mostrar o seu rosto para desbloquear o celular, que já estava nas mãos dele, tudo contra a vontade dela.

Vendo as tentativas frustradas no desbloqueio, Tiago mudou sua estratégia e mediante asfixia e meio cruel, deu início à execução do crime de feminicídio, dominando a vítima já no piso, sem que ela pudesse esboçar qualquer gesto em sua defesa, impedindo-a de esconder o rosto. Ele posicionou um de seus joelhos no pescoço de Eduarda e lhe deu um golpe de sufocamento ao depositar todo o peso do seu corpo na região do pescoço e tórax da vítima. Agindo assim, ele a asfixiou, impedindo-a de respirar, causando-lhe intenso sofrimento físico, pelo tempo necessário para que ela ficasse ‘roxa’.

Ainda conforme os autos, por volta das 13h30min do dia 29, já ciente do óbito da companheira, Tiago ligou para o irmão dele, afirmando que Eduarda estava passando mal. O irmão então ligou para sua esposa, para que fosse até o local prestar auxílio à vítima. Depois foi até o local também, a sogra de Eduarda. Chegando na residência, os três familiares encontraram Tiago mexendo em um celular, ‘transtornado’, e Eduarda ‘desmaiada’. Eles imediatamente a levaram até a UPA, onde foi constatado o óbito.

Edição n.º 1464.