O assédio moral no ambiente escolar constitui uma forma de violência silenciosa que compromete o bem-estar dos trabalhadores da educação, a humanização das relações e a própria qualidade do trabalho pedagógico. No cotidiano das unidades educacionais, práticas reiteradas de humilhação, isolamento, desqualificação profissional ou constrangimentos podem gerar sofrimento psíquico e ruptura do clima organizacional.

Libâneo (p. 32, 2012) destaca que a escola, como instituição social, só se realiza plenamente quando fundada em relações éticas, cooperativas e solidárias, uma vez que “o trabalho escolar é uma atividade essencialmente coletiva”. Nesse sentido, qualquer prática de assédio moral enfraquece o trabalho pedagógico e desestrutura a dinâmica educativa orientada para a formação humana.

No âmbito das instituições de ensino, é fundamental reconhecer duas modalidades recorrentes de assédio moral: o horizontal e o vertical. O assédio moral horizontal ocorre entre colegas do mesmo nível hierárquico, manifestando-se por comportamentos de hostilidade e rivalidades que se naturalizam na rotina escolar.

Já o assédio moral vertical envolve relações de poder, geralmente praticado por superiores em direção a subordinados, configurando abuso de autoridade, centralização coercitiva das decisões, exposição pública de erros ou cobranças desproporcionais.

Saviani (p. 45-46, 2003) ressalta que a prática educativa precisa de direção consciente e intencional, pois “necessita de direção para que se realize de forma sistemática”. Assim, o assédio moral, seja ele horizontal ou vertical, representa uma distorção dessa direção educativa e compromete o ethos escolar.

Compreender a diferença entre essas formas de assédio é essencial para qualificar a gestão pedagógica e prevenir danos à saúde emocional dos trabalhadores. Libâneo (p. 59, 2015) sustenta que a gestão democrática pressupõe “participação, diálogo e corresresponsabilidade nas decisões”, elementos incompatíveis com qualquer prática de violência simbólica ou relacional.

Diante desse cenário, o papel da gestão escolar torna-se decisivo. Aos gestores cabe conduzir suas unidades com empatia, neutralidade e responsabilidade, assegurando mediações justas, escuta qualificada e encaminhamentos institucionais adequados quando situações de conflito ou violência emergem.

Saviani (p. 88, 2008) enfatiza que cabe à direção criar condições objetivas para que o trabalho pedagógico se efetive de forma humanizada e sistemática, reforçando que uma gestão ética e transparente é fundamental para prevenir e combater práticas de assédio moral. Assim, gestores que pautam sua atuação em critérios claros, coerência e equidade fortalecem vínculos profissionais e contribuem para a promoção de uma cultura de respeito e dignidade no ambiente escolar.

Por fim, destaca-se que a Prefeitura de Araucária, por meio da Secretaria Municipal de Educação, tem ampliado o diálogo intersetorial e fortalecido a parceria com o Departamento de Saúde Ocupacional, com o objetivo de prevenir e mitigar situações de assédio moral no serviço público.

Essa aproximação entre os setores tem permitido aprimorar o acolhimento aos servidores, oferecer suporte especializado, orientar encaminhamentos adequados e promover ações formativas sobre saúde e clima organizacional.

Ao investir no cuidado com os profissionais da educação e na construção de ambientes de trabalho saudáveis, o município reafirma seu compromisso com a valorização do servidor, a qualificação da gestão pública e a melhoria contínua dos serviços prestados à comunidade araucariense.

Edição n.º 1495.