Coluna: Uma Igreja Sinodal
Para nós que acreditamos em Jesus Cristo, na sua pregação, no seu evangelho, na sua boa nova, existem dois nascimentos.
Para nós que acreditamos em Jesus Cristo, na sua pregação, no seu evangelho, na sua boa nova, existem dois nascimentos. O primeiro é físico, como criaturas, e, para os crentes, tendo Deus como o criador de tudo. O segundo nascimento é o espiritual, quando, no dia do batismo, nos tornamos filhos de Deus e membros de uma comunidade. Os animais continuarão sempre apenas criaturas, mas nós, como diz São Paulo, nos tornamos filhos, e isso é realmente algo maravilhoso. E nós o somos de fato, e assim seremos para sempre.
O batismo é o sacramento que nos introduz na vida cristã e nos torna todos iguais perante Deus. Viver o batismo significa colocar a nossa vida a serviço da comunidade, independentemente da função que exercemos. Nenhuma missão é superior à outra, é simplesmente diferente. Como diz o próprio São Paulo: somos um corpo onde cada membro é importante, e, nenhum é maior do que o outro, porque todos confluem para o bem de todo o corpo. Assim, padre ou bispo não é superior àquele que exerce a função como ministro, ou como catequista, ou, qualquer outro trabalho na comunidade. Todos juntos, formamos um só corpo que se chama comunidade. Ninguém é dono, ninguém manda, mas, todos juntos, colocamos nossos dons a serviço do bem maior, que é a construção do Reino de Deus.
Infelizmente, ao longo da história, percebemos diferenças nas relações dentro da Igreja, como se houvesse quem manda e quem obedece. E isso não é plausível, pois, todos convergimos para o mesmo objetivo, ou seja, que a boa nova do Reino aconteça e se estabeleça entre nós. A palavra ‘Sínodo’, retomada pelo papa Francisco, quer dizer exatamente isso: pelo batismo, todos somos iguais, e, juntos, chamados a construir o Reino de Deus. Somos todos iguais, chamados a viver plenamente o nosso batismo, colocando nossos dons, de modo livre e gratuito, a serviço da comunidade.
Todos nós que trabalhamos na Igreja, não somos voluntários, pois pertencemos à comunidade cristã. Doamos o nosso tempo porque a Igreja somos nós, assim como a nossa casa, onde fazemos os trabalhos na família, não como voluntários, mas como membros pertencentes a ela. Precisamos descobrir e viver esse senso de pertença, onde tudo o que fazemos, é simplesmente um dever como batizados. O tempo que doamos é um compromisso de amor para com Deus e com os irmãos. Juntos, colocamos nossa vida a serviço da comunidade, cujo centro não é o padre, mas todos os batizados, corresponsáveis na construção do projeto do Reino de Deus, instaurado por Jesus, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância.
Viver de modo sinodal, é assumir o compromisso com o batismo, que nos tornou filhos de Deus e membros de uma comunidade cristã. E quem serve a Deus na Igreja, deve fazê-lo com amor e com alegria. A alegria na missão deve conduzir todos os batizados, que, de modo livre e consciente se doam por um mundo melhor. E, como batizados, chamados a ser sal da terra e luz do mundo na Igreja e na sociedade. Oxalá, possamos viver plenamente o nosso batismo, de modo livre e alegre, e, que no final de nossa vida, possamos, como São Paulo, merecer a coroa da glória eterna.