A Delegacia de Polícia Civil de Araucária foi interditada na última semana pelo juiz Sergio Bernardinetti devido à superlotação de presos. A carceragem tem capacidade para, em média, 20 presos e hoje está com aproximadamente 90 detentos.
A DP conta com quatro celas e uma antesala, conhecida como “corro”, onde os detidos permanecem até serem ouvidos. Este local, no entanto, acabou virando uma quinta cela e hoje abriga mais 20 detentos. O restante dos presos estão divididos nas outras celas.
Com isso, o juiz notificou a DP determinando sua interdição, porém o delegado João Marcelo Renk afirmou que não tem para onde enviar os presos. “Com a interdição, após o flagrante e a audiência de custódia, o preso deve ser encaminhado para a penitenciária. Mas hoje eu não tenho para onde transferir os detentos e não posso me negar a receber presos em ocorrências atendidas pela Guarda Municipal e pela Polícia Militar, isso geraria uma crise institucional”, explicou o delegado.
De acordo com ele, a ideia do juiz é transferir presos para o sistema penitenciário e tentar diminuir este volume de detentos na carceragem local, mas, o problema, é não ter para onde encaminhar estas pessoas, visto a falta de penitenciárias no Paraná. “O juiz inclusive comentou na notificação que no último ano fez uma espécie de mutirão de transferência de presos, mas a demanda é muito grande. Recebemos muitos presos com mandados expedidos por Curitiba e não temos para onde encaminhá-los”, afirmou Renk, complementando que não pode enviá-los para outro município e que não tem autonomia para colocá-los em um camburão e levá-los para Centros de Triagem. “Se alguma coisa acontece, eu sou responsabilizado pelo preso”, comentou.
Ou seja, mesmo interditada no papel, a delegacia local continua recebendo detentos. Ainda, segundo informações, cerca de 30 presos que estão na carceragem da DP já foram condenados, mas ali permanecem porque não tem para onde ir.
Na teoria, os presos deveriam permanecer na cadeia da delegacia somente durante as oitivas. Contudo, muitos estão lá há cerca de um ano e meio.
A reportagem do jornal tentou contato com o juiz Sergio Bernardinetti, mas não conseguiu depoimento do magistrado devido às suas audiências diárias.
Foto: Marco Charneski
Publicado na edição 1101 – 22/02/2018
