A capacidade de agirmos por vontade própria, escolhendo os caminhos que trilharemos, tem sido uma questão central para a filosofia e para a religião. A primeira vista a resposta pode parecer simples, o que não diminui a importância do tema. Vivemos em um mundo agitado e grande parte de nosso tempo é gasta com as coisas do dia-a-dia. A maioria da população não nasceu em berço de ouro e tem uma série de cobranças impostas desde a infância como parte essencial da sobrevivência em sociedade e que consomem boa parte do tempo disponível. Não menos importante que a base material para a subsistência, a preocupação com nossas ações e com os reflexos delas originados é fundamental para uma existência profícua e nem sempre o cidadão comum consegue dedicar tempo para esta tarefa. Doutrinas baseadas no Determinismo sugerem que as vontades e escolhas humanas são causadas por ocorrências anteriores, alheias a vontade de livre escolha. Porém, mesmo sem o estudo aprofundado devido à questão de tamanha complexidade, acredito que somos capazes de tomar decisões em áreas significativas de nossas vidas e temos que aprender a destinar maior tempo para pensar sobre elas. Penso que a soma das vontades das pessoas é que imprime o rumo à cidade, ao país, às regiões e ao próprio planeta que habitamos, formatando a sociedade com suas regras, exigências e padrões. Agirmos com consciência individual e coletiva da responsabilidade de nossas decisões para a construção de um mundo melhor é decisivo para o aperfeiçoamento do ambiente em que vivemos. E mais, nossa qualidade de vida somente será adequada quando tivermos consciência dos reflexos advindos de nossas escolhas, em particular quando se trata de definir as lideranças que nos representarão em todas as esferas de governo. A recente aprovação do aumento do número de vereadores em Araucária, aprovada sem maiores questionamentos e participação popular, mostra o quanto ainda estamos longe da cidadania responsável. Não é que eu seja especificamente contra o aumento do número de vereadores, pois importa muito mais o envolvimento da população nas decisões tomadas na chamada Casa de Leis do que a quantidade de edis. Afinal, como já dizia o Dr. Anselmo ao destacar a importância do Poder Legislativo: “A adequação da política municipal aos interesses do povo só se dará com a eleição de parlamentares combativos e independentes. Esperar que um milagreiro chefe de executivo resolva esta questão, por decreto, é pura ilusão”. Importante mesmo é que ano que vem teremos eleições e escolheremos a quem destinaremos os mandatos eletivos, acompanhando depois o desempenho que apresentarão.