Talvez nem todos admitam, mas há muitos por aí que entendem exageradas algumas políticas públicas e leis específicas para, digamos assim, garantir que as mulheres tenham resguardados direitos que lhes foram suprimidos ao longo de séculos.
Porém, situações como o cruel assassinato de Eduarda Amabili Correia, que tristemente noticiamos esta semana, mostra o quanto não só devemos defender essas legislações, como também devemos incorporá-las ao nosso cotidiano, de modo que passemos a ser agentes propagadores dela.
Afinal, convenhamos, porque Eduarda foi morta? Podemos pensar nas mais variadas motivações, mas no final das contas é fato que ela foi morta por seu companheiro simplesmente por ser mulher! Em seu ataque de fúria, o assassino esqueceu das declarações de amor que ela lhe havia feito publicamente em redes sociais. Esqueceu da trajetória que ambos tiveram juntos. Esqueceu que ela teria sim direito à privacidade, já que como todo ser humano, a jovem era um ser único, dotada de suas angústias, medos e anseios.
Em sua ânsia doentia e primitiva, Tiago se achou superior à Eduarda. Achou que detinha o poder de fazer com ela o que bem entendesse simplesmente porque era o macho da relação. Sim, o macho. Porque um sujeito como esse não deve ser identificado pelo pronome “homem”.
E, infelizmente, é preciso reconhecer: Tiago obteve sucesso em seu intento. Ele calou Eduarda definitivamente. Fez com ela o que quis. Impôs-se fisicamente sobre sua companheira, utilizando-se de uma vantagem fisiológica que diferencia pessoas do sexo masculino e feminino desde sempre. Tiago era mais forte do que Eduarda e isso nunca mudaria.
O que não pode acontecer agora é que a vantagem física de Tiago vença também a sociedade araucariense. Ele e todo monstro que ousar tirar a vida de uma mulher simplesmente por ela ser mulher precisa ser exemplarmente punido pela Justiça! E essa Justiça precisa ser feita não somente pela memória de Eduarda, mas também para que a publicização dessa punição colabore pedagogicamente para que o mesmo não aconteça com outras mulheres. Machos que se acham superiores as suas companheiras precisam aprender rapidamente que, uma vez presos, a convivência diária na cadeia não será com o sexo oposto. Então, se você tem um comportamento violento, o reveja o quanto antes. Busque tratamento ou algo assim.
Da mesma forma, se você é mulher e vive um relacionamento abusivo, reflita sobre até que ponto você já não está no caminho para se tornar uma Eduarda. Busque ajuda! Não viva subjugada. Você nasceu livre e deve manter essa condição sempre!
Pensemos todos nisso e boa leitura.
Edição n.º 1400