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Especialista da Clínica São Vicente explica as diferenças entre os testes de Covid-19
Cada teste deve ser feito no tempo certo, conforme cada fase da doença. Foto: SESA

Há mais de um ano o mundo travou uma verdadeira corrida contra o tempo. O motivo? A busca pelo desenvolvimento de vacinas e tratamentos eficazes para combater a Covid-19. O vírus chegou ao país em 2020 e mudou a rotina de pequenas e grandes cidades, trazendo impactos sociais e financeiros ainda incalculáveis. Em Araucária, a doença já ceifou mais de 360 vidas e o número de infectados não para de subir. Enquanto a imunização segue a passos lentos, os testes de Covid continuam sendo uma das principais armas de proteção da população, contudo, eles ainda são alvos de dúvidas. Para esclarecê-las, o Doutor Emerson Albertasse, proprietário da Clínica São Vicente, explicou as diferenças entre os exames.

Diante do alto grau de mortalidade do vírus, do surgimento das variantes e dos diferentes tipos de testes oferecidos pelo mercado, é essencial que as pessoas saibam as diferenças de cada teste e, principalmente, das condições necessárias para a realização deles. Nesse aspecto, Dr Emerson alerta sobre a importância da população buscar orientação médica antes de realizar qualquer um dos testes. “Infelizmente existe uma confusão entre os cidadãos. Tem pessoas que querem pular a consulta médica, indo direto para o tratamento. Quando a gente fala em falso positivo e falso negativo, a gente está falando de uma margem de erro do teste feita no momento certo. Se a pessoa realiza o teste no momento errado, nem entra nessa margem. Entendo a ansiedade, mas a consulta não é apenas um processo burocrático. Por isso, é imprescindível buscar orientação e seguir as recomendações de um especialista para evitar uma série de problemas”, orienta Albertasse.

Tipos de testes

No momento existem quatro tipos de testes disponíveis em Araucária, divididos entre moleculares e sorológicos. Dois deles são Swab, conhecidos pelo cotonete, e outros dois realizados através de coleta sanguínea. O teste do antígeno, o RT-PCR, o sorológico laboratorial e o teste rápido são encontrados com facilidade, mas afinal, quais são as diferenças entre eles? Em linhas gerais, os sanguíneos avaliam imunidade e anticorpos e consequentemente não são indicados para quem quer saber se contraiu ou não o vírus. “Eles servem para detectar se a pessoa tem ou não imunidade. Porque a imunidade IgM, que é mais rápida, começa a aparecer do sétimo para o oitavo dia em diante, enquanto que a imunidade IgG, que é uma imunidade mais específica, começa a surgir do décimo quarto dia em diante. Então, a Covid-19 praticamente já passou”, explica o médico.

Testes rápidos

Esses são normalmente oferecidos em farmácias, postos de gasolina e outros estabelecimentos. No caso do sanguíneo, onde uma amostra pequena de sangue é coletada do dedo do paciente e colocada na fita reagente, o resultado sai de 15 minutos a 20 minutos. É um teste quantitativo, não qualitativo. O teste rápido antígeno, encontrado em farmácias e clínicas de trabalho, feito com o cotonete, pode confundir muita gente, já que o método é muito parecido com o do teste RT-PCR, conhecido por ser padrão ouro na detecção do vírus.

O antígeno é mais barato e tem como objetivo identificar uma proteína presente no vírus. Muitas das vezes pode acontecer de ele ter uma reação cruzada entre as proteínas com a de outros vírus e acabar identificando uma proteína que não se refere a Sars-Cov-2, causando assim um falso positivo ou um falso negativo.

Os testes rápidos podem ser comparados aos testes de gravidez encontrados em farmácias. Albertasse deixa claro que é importante ficar atento. Segundo ele, não existe teste perfeito, entretanto, a taxa de falsos positivos e negativos nestes tipos de exame são altíssimas. “Existem vantagens, eles são testes mais baratos e ficam prontos em pouco tempo, mas a margem de erro é grande”, alerta.

Testes mais indicados

O sangue coletado para o exame sorológico laboratorial é processado, colocado em uma centrifuga, onde é separado o soro do plasma, então é realizada a análise sorológica, com base neste soro. Esse teste possui uma sensibilidade muito maior se comparada aos rápidos e, além de mostrar se o paciente está infectado ou não, apresenta de forma quantitativa os anticorpos IgM e IgG. Lembrando que os exames de sangue servem para a análise de imunidade
“O famoso RT-PCR é considerado o padrão-ouro no diagnóstico da Covid-19. O teste faz uma cultura da amostra coletada, nela é feita uma replicação do RNA do vírus, ou seja, proteína não replica. Portanto, se acontecer replicação, é o RNA, isso é algo muito especifico e facilmente detectável. As chances de um falso positivo ou negativo fazendo o PCR são mínimas, praticamente nulas. Por isso ele é considerado padrão-ouro”, diz o doutor.

Quando fazer o teste

Apesar de ser uma importante arma contra a doença, os testes não podem ser realizados sem metodologia. A Organização Mundial de Saúde (OMS), recomenda que a testagem seja feita a partir do sétimo dia de sintomas. Ainda segundo o órgão, pessoas com suspeitas de infecção devem procurar ajuda médica a partir do terceiro dia de sintomas. De acordo com Hellen Faria, coordenadora do Departamento de Vigilância Epidemiológica de Araucária, o cuidado mais importante na realização dos testes é que eles sejam feitos no período adequado da fase da doença. Por exemplo, o RT-PCR é indicado para os pacientes com síndrome gripal entre o primeiro e o oitavo dia de sintomas, ou seja, na fase aguda ou período virêmico da doença. O teste rápido de antígeno é indicado aos sintomáticos, durante o primeiro ao sétimo dia do início dos sintomas. Já para os assintomáticos a recomendação é a partir do quinto dia do contato. Também indicado na fase aguda ou período virêmico. Já o teste rápido de anticorpo, deve ser feito após o oitavo dia do início dos sintomas. Indicado na fase convalescente do vírus.

“Até o momento foram realizados 45363 testes de Covid-19 em residentes do município, entre antígeno, PCR e sorológico. Sob nova orientação estadual, o munícipio passará a testar também pessoas assintomáticas que tiveram contato próximo, com caso confirmado de Covid-19”, explica Hellen.

Depois do teste positivo

Após a consulta médica e a realização do teste adequado, o paciente positivo deve seguir as recomendações médicas de isolamento. O médico Emerson Albertasse reforça que, se não há sintomas, não há motivos para pânico. “Se a pessoa segue a etiqueta correta, usa álcool gel e mantém distanciamento, ela não vai contaminar ninguém”, diz. Outra recomendação do especialista se refere à medicação. “Não existe receita de bolo. Tudo depende do quadro de cada paciente. Essa confusão entre os testes acontece também com a medicação. Busque um médico de confiança para que ele oriente você e sua família sobre o tratamento”, sugere.

Texto: Katty Ferreira

Publicado na edição 1265 – 10/06/2021

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