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Evandro Leão: Por que é tão difícil dizer a verdade?

Evandro Leão: Por que é tão difícil dizer a verdade?
Foto: Divulgação

Dizer a verdade parece algo simples, mas, ao observarmos a sociedade, percebemos que essa conduta é muito mais complexa do que se imagina. Espiritualmente, a verdade nos conecta a frequências de aceitação, razão, amor e iluminação. Nenhuma dessas camadas é alcançada sem atravessarmos o caminho da verdade. Ainda assim, muitos de nós buscamos subterfúgios para evitá-la, como se a mentira fosse um arbusto, nascido dentro de nós, para esconder nossa fragilidade e nossa nudez.

“Adão, Adão… onde está você?” Eva, Eva… cadê você, mulher? Imagino Deus, já com a garganta cansada de tanto gritar, quase dizendo: “Haja pastilha no paraíso!” Onde estaria o casal perfeito? – pensou o Altíssimo. Mal sabia Ele que estavam escondidos, tomados pela vergonha e pelo medo de encarar a verdade diante do Criador. Comeram além da conta e agora tinham que lidar com as consequências, mas não era fácil admitir a quebra das regras.

Quando crianças, ao fazermos algo errado, nossos pais nos pediam para dizer a verdade. Dependendo do humor deles, a verdade podia trazer consequências físicas ou psicológicas severas. Naturalmente, nossa mente infantil buscava maneiras de evitar o sofrimento, e assim, surgiam as omissões, as mentiras ou alianças com outros pequenos arteiros. Esse padrão se instala cedo, e seguimos repetindo-o em diferentes contextos.

Nos tribunais, existe o juramento de “compromisso com a verdade”, e o descumprimento dessa promessa pode levar a punições criminais. Percebem o peso e a conotação punitiva em torno da verdade? “Ah, Vando, mas isso é sobre mentir, não sobre a verdade”. Será mesmo? O medo da verdade nos afasta de nós mesmos. Por muito tempo, fomos desencorajados a sermos verdadeiros, e aprendemos a mascarar nossa essência como forma de evitar conflitos. Mas será que encontramos paz nessa mentira, ou apenas uma sedação temporária dos sintomas que nos levam à morte espiritual?

Enquanto não enfrentarmos a verdade e não a abraçarmos como uma virtude espiritual, alguém sempre pagará o preço das mentiras. Ninguém vive mais em cavernas, mentindo apenas para suas próprias sombras. Estamos em sociedade, e hábitos mentirosos têm efeitos coletivos. Nos embriagamos tanto com essas mentiras, que nos tornamos capazes de depositar fé em “Robin Hoods políticos”, que, desde que distribuam aos pobres, podem roubar à vontade. Fechamos os olhos para seus delitos, aceitando o preço da nossa própria mentira. Isso precisa mudar. E rápido!

Se queremos encorajar a verdade, é hora de nos perguntarmos: nos espaços onde atuo – na família, nos relacionamentos, no trabalho, nas amizades – estou conseguindo manifestar minha verdade? Consigo mostrar minha essência, com virtudes e defeitos? E mais: como reajo quando alguém me conta a verdade, mesmo que seja uma criança que acabou de quebrar algo em casa? Se as respostas forem positivas, estamos no caminho espiritual certo, caminhando para uma sociedade onde a verdade flui naturalmente. Se forem negativas, temos um dever de casa a fazer: descobrir qual medo hoje nos impede de sermos quem queremos ser e por que é tão difícil lidar com quem diz a verdade.

Desejo, do fundo da minha alma, que você pare de mentir para si mesmo. Esse é o primeiro passo. Sigam-me no @tarodafortuna.

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