Em Araucária, imigrantes foram determinantes para o enriquecimento cultural e desenvolvimento econômico local. O município registra dois grandes movimentos históricos de migração: por volta de 1800, com a chegada de poloneses, ucranianos e descendentes de outros países europeus; e na década de 1970, quando a instalação da Petrobras trouxe pessoas de diversas regiões do Brasil. Alguns grupos migratórios mais dispersos também tiveram influência na cidade, como japoneses, sírios, entre outros.
Presidente da CUFA-PR, José Antônio Jardim aponta que a diferença entre estes movimentos históricos e a nova onda migratória é o incentivo governamental para integração dessas pessoas. Antes, os migrantes eram convidados e tinham garantias de benefícios, como terras ou propostas de emprego. Agora, ainda faltam políticas para uma integração adequada desses grupos.
Rafael Almeida, professor do Colégio Júlio Szymanski e coordenador de Ensino de História da SMED, reforça que muitos dos novos migrantes se estabelecem em ocupações e se somam aos contingentes de desalojados de outras regiões do Brasil. O professor aponta como caso mais recente a desocupação do Sabará, no CIC, em que cerca de 300 famílias foram desalojadas no Natal e algumas procuraram socorro na ocupação Rio Negro, em Araucária. “Essas pessoas estão vivendo em terreno úmido, dividido em áreas com haitianos, venezuelanos e brasileiros. Tocam a vida, criando seus filhos sem saneamento básico, água encanada, instalação de energia elétrica adequada, dentre tantas outras privações”, explica.
Segundo José Antônio, é necessário criar departamentos para conscientizar sobre a integração de imigrantes, legalizar e reorganizar essas pessoas na cidade. Uma solução, por exemplo, seria a criação de políticas habitacionais mais efetivas. “Essas pessoas pegam serviços que exigem mão de obra pesada, compram nos mercados locais e, por consequência, pagam impostos. Há uma contribuição dessas pessoas para o desenvolvimento econômico que pode ser ainda maior com a inclusão. Porque essas pessoas vêm em busca de condições melhores para sua família, construir sua independência no país ou região que escolhe para viver”, afirma.
Onde buscar ajuda?
A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) lembra que o atendimento ao migrante é compartilhado entre diversas secretarias do município e órgãos governamentais estaduais e federais, de acordo com as necessidades específicas em cada caso. Para entrar em contato com a SMAS, basta ligar para o número (41) 3614-1408.
Migrantes também podem buscar auxílio com Organizações Não-Governamentais (ONGs), como a Cáritas Curitiba — telefone (41) 2105-6300 ou Whatsapp (41) 99588-4825 — e Centro de Informação para Migrantes, Refugiados e Apátridas do Paraná (CEIM) — telefone (41) 3224-1979 ou Whatsapp (41) 3223-7608.
Texto: Laís Almeida, sob supervisão de Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1274 – 12/08/2021