Imóveis da Mega Cred e de seus donos vão à leilão

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Imóveis da Mega Cred e de seus
donos vão à leilão 

 

Vinte e dois imóveis de propriedade da falida Mega Cred Administradora de Bens e Participações Ltda. e de seus sócios vão à leilão no próximo dia 5 de junho. A venda foi determinada pela juíza Mariana Gluszcynski Fowler Gusso, da 1ª Vara de Falências e Recuperação Judicial de Curitiba, e o valor arrecadado será utilizado para quitar algumas das dívidas deixadas pela empresa.

Falida em 2001, a Mega Cred tinha entre os sócios o ex-prefeito Albanor José Ferreira Gomes (PSDB) e se tornou o maior escândalo do Município de Araucária no século XXI. Estima-se que a empresa tenha deixado dívidas de cerca de R$ 100 milhões, lesando centenas de famílias, que confiaram na idoneidade do grupo para aplicar suas economias. Muitos dos prejudicados são araucarienses e foi por conta da falência da Mega que Zezé se tornou inelegível em 2004 e 2012.

Dos 22 imóveis que irão a leilão, onze são de sócios da Mega, sendo sete em nome do irmão de Zezé, o ex-secretário de Governo da Prefeitura, João Lincoln Ferreira Gomes; três em nome de Neusa Cantergiani de Oliveira e um em nome de Zezé. Os outros onze constam no Registro de Imóveis como pertencentes à própria empresa falida.
A avaliação judicial dos imóveis estimou que – somados – eles valham R$ 3.667 milhões. Os de maior valor são dois apartamentos no Edifício Luiz Dalcanale Filho, na turística cidade de Balneário Camboriú, que está sendo oferecido aos interessados por R$ 1,4 milhão.

Além dos apartamentos em Santa Catarina, vão a leilão um outro em Curitiba. Todos os demais imóveis ficam em Araucária. São sete terrenos no bairro Estação, os quais pertencem a Lincoln; uma loja no Edifício Onix, de propriedade de Zezé; e sete salas comerciais, bem como quatro vagas de garagem, também localizadas no Onix, pertencentes à Mega propriamente dita.

Local
Os imóveis serão leiloados pela P.B Castro Leilões, no próximo dia 5, a partir das 11. A hasta pública acontecerá na rua Jacarezinho, 1257, Conjunto 104, no bairro Mercês, em Curitiba.
 

Imóveis da Mega Cred e de seus donos vão à leilão

Advogado diz que Zezé foi
“cristianizado” no processo

 

Imóveis da Mega Cred e de seus donos vão à leilão

Sobre a decisão da Justiça de leiloar os bens da Mega Cred e de seus sócios, o ex-prefeito Albanor José Ferreira Gomes disse, por meio de seu advogado, que – quando o processo for concluído, o que se comprovará é que a atuação de Zezé na empresa não causou danos a terceiros, bem como sua participação como sócio de capital não lhe trouxe benefícios. “Como já conseguimos provar na Justiça, a participação do senhor Albanor no grupo Mega Cred se resumiu à DTVM, que era fiscalizada pelo Banco Central, que – inclusive – já se manifestou dizendo ele não praticou atos de gestão quando esteve vinculado à gestão da empresa, sendo que essa mesma constatação foi a que chegou a Polícia Federal e o Poder Judiciário em decisão já com trânsito em julgado”, ponderou Luiz Henrique Bona Turra.

Ainda segundo o advogado, Zezé também é vítima do processo falimentar da Mega Cred, pois está há cerca de quinze anos carregando uma cruz que não lhe pertence e sendo cristianizado. “Ele está se defendendo com dignidade, além do imóvel que irá a leilão agora, outros bens dele já foram retidos pela Justiça. A exceção são aqueles pertencentes à sua esposa. Agora, o que queremos é que a Justiça defina qual a responsabilidade de cada um dos sócios, até para que cada um arque com prejuízo que possa ter causado. O valor apurado com o leilão deve ser individualizado e vinculado a contas judiciais específicas. Assim, quando houver o termo final de responsabilidade de cada uma das partes, os bens pertencentes ao senhor Albanor sejam utilizados para pagar apenas eventuais prejuízos que sua participação possa ter causado”, acrescentou.

Bona Turra, no entanto, disse acreditar que quando o processo for levado à cabo, o que se comprovará é que Zezé não causou nenhum prejuízo a terceiro, até porque não haveria questionamentos de credores sobre problemas causados pela DTVM, única empresa do grupo Mega Cred a qual, segundo ele, Albanor esteve vinculado.

 

COMCRED diz que Justiça não foi feita
 

Imóveis da Mega Cred e de seus donos vão à leilão

A notícia de que imóveis pertencentes aos sócios da Mega Cred serão leiloados no início do mês que vem fez com que a Comissão dos Credores da empresa, a COMCRED, divulgasse uma nota analisando a luta travada pela Comissão para que os culpados pelo golpe aplicado pela Mega não ficassem impunes. A íntegra do documento pode ser lida na página dois, ao lado.

Conforme o presidente da Comissão, Genildo Carvalho, o leilão desperta sentimentos antagônicos nos credores. “Por um lado, consideramos que essa é uma boa notícia, porque sabemos que esse leilão só está acontecendo graças à atuação da COMCRED. Por outro, temos convicção de que não se está fazendo justiça, pois as famílias que tiveram suas vidas destruídas pela empresa da família Gomes não serão reparadas, não terão suas economias devolvidas e nunca irão ver os sócios da Mega pagando pelos crimes que cometeram”, enfatizou.

Ainda segundo Genildo, o valor que será levantado com a venda dos imóveis é insignificante quando comparado ao golpe aplicado pela Mega. “A estimativa é que a empresa tenha lesado seus credores em R$ 112 milhões e com o leilão desses 22 imóveis, e a venda de alguns outros que ainda serão feitas, se conseguirá algo em torno de seis, sete milhões. Quando analisamos que o dinheiro apurado será utilizado primeiramente para o pagamento de débitos trabalhistas, manutenção da falência e outros, podemos afirmar que sobrará pouco para ressarcir os lesados”, lamentou.

Por outro lado, analisou Genildo, se a luta travada pela COMCRED não conseguiu devolver aos credores o dinheiro surrupiado pela Mega, pelo menos desmascarou um esquema muito maior de corrupção. “O legado da COMCRED é social e beneficiou toda a população de Araucária e do Paraná, pois foi através da luta dos credores que conseguimos trazer luz ao mostrar que a Prefeitura da nossa cidade era utilizada para sustentação da Mega antes do golpe e para acobertar esse escândalo depois da falência. A COMCRED ainda teve papel fundamental na CPI das Falências, o que obrigou o Poder Judiciário a rever a condução das massas falidas em todo o Estado. Isso para ficar em apenas um exemplo”, acrescentou.

Por fim, Genildo afirmou que as vitórias conquistadas pela COMCRED fizeram com que ela se tornasse referência no combate à corrupção, devendo ser essa a missão da Comissão daqui em diante. “Foi graças ao trabalho da COMCRED que conseguimos trazer luz ao golpe praticado pela Mega. Conseguimos provar na Justiça Eleitoral, por duas vezes, que o ex-prefeito Albanor era inelegível por conta de sua participação no comando da empresa. Por tudo isso, pretendemos transformar a COMCRED numa entidade de combate à corrupção em todas as suas facetas”, finalizou.

 

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