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Há absurdos em Araucária que, quando contados para moradores de outras cidades, estes nos olham com espanto e dizem “não pode ser!”. Ou “capaz!”. Ou ainda: “você está de brincadeira!”.

Absurdos tipicamente araucarienses que, com o passar dos anos, fez com que nos acomodássemos, achássemos normal. Absurdos que se tornaram calos secos, que até incomodam um pouco, mas nada que nos faça extirpá-los.

Vejam por exemplo o caso do malfadado dia sem vínculo. Convenhamos, não é um absurdo que profissionais remunerados com recursos públicos recebam para tra­balhar vinte horas semanais e só trabalhem dezesseis? Sim, claro que é! Não precisamos pensar muito a respeito para chegar a essa constatação. Mesmo assim, por mais de uma década, convivemos com isso. Pior, há hoje até quem considere tamanho ilícito um direito adquirido e ouse cogitar se rebelar contra a decisão da Prefeitura, atendendo a uma recomendação do Ministério Público, que coloca fim a pouca vergonha.

Pior ainda é o caso da quantidade excessiva de cargos em comissão na Câmara de Vereadores. Noventa e sete pessoas que, em sua maioria, servem essencialmente aos desejos de onze vereadores, como se fossem vassalos de onze feudos. E, mais repugnante ainda: vassalos com salários de reis, mas que não têm tarefas e nem obrigações reais.

Ora, alguém aí tem dúvida de que não é normal, aceitável, que haja noventa e sete comissionados na Câmara? Claro que não é! Mesmo assim, nos acostumamos com o fato. E, pior, agora quando esses precisam ser exonerados, também depois de uma recomendação do MP, chegamos a sentir pena, nos questionar se a demissão era mesmo o melhor caminho a ser seguido. Caramba, claro que era!

O que estamos vendo nesses dois exemplos é a água do poço sendo mexida. Estamos participando da mudança necessária que o serviço e a administração pública municipal precisam. Não dá mais para tratar os recursos públicos como um dinheiro sem dono quando – na verdade – ele tem dono sim. É nosso! É da coletividade e precisa ser gerido a contento, precisa ser aplicado em políticas públicas que promovam socialmente o maior número possível de araucarienses, que oportunizem às futuras gerações qualidade de vida e não que beneficiem apenas pequenos grupos. Sejam eles de comissionados ou de efetivos. Pensemos nisso e boa leitura.

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