No Sermão da Montanha, Jesus proclama as bem aventuranças, que são, para nós cristãos, uma verdadeira identidade. A santidade passa pela vivência deste projeto, apresentado por Jesus, como o caminho da verdadeira felicidade. Felizes ou bem aventurados, chamados à santidade, são todos aqueles que seguem essas orientações do Mestre. Buscar ser santo no cotidiano de nossa existência, é o objetivo e a meta de todo cristão batizado. Por ocasião da celebração do dia de todos os santos, a Igreja nos apresenta como caminho para a realização de tal proposito, ou seja, de sermos santos, a vivência das Bem Aventuranças.
Jesus, no evangelho de Mateus, apresenta oito bem aventuranças, e, todas elas, voltadas para o outro. Feliz é aquele que sai de si mesmo e vai ao encontro do próximo. A verdadeira felicidade nunca é egoísta, individualista, voltada somente para os seus próprios prazeres e as suas satisfações pessoais, mas, pelo contrário, é no encontro com o outro, que acontece a realização do ser humano. Na medida em que coloco a minha vida a serviço da comunidade, como doação, entrega, como dom aos irmãos, desabrocha em meu coração, a verdadeira alegria e felicidade. A santidade passa por aí, e, está ao alcance de todos os que se colocam prontos a servir, a fazer o bem, a ajudar.
Bem aventurados os pobres, aqueles que tem um coração desapegado, capaz de partilhar, de colocar a disposição dos outros aquilo que são e aquilo que tem. É realmente desafiador esse gesto de partilha, sobretudo, num mundo marcado por tanta ganância, sede de ter mais e mais, e de acumular. Bem aventurados os mansos, aqueles que tem um coração humilde, contrariamente aos prepotentes, arrogantes, que se acham maiores e melhores do que os outros. Os mansos reconhecem as qualidades dos outros, sabem enaltecer o próximo, sem perder a sua própria identidade. Bem aventurados os que choram, aqueles que sentem a dor do próximo, que são empáticos, se colocam no lugar do outro. Infelizmente, encontramos tantas pessoas frias e indiferentes à dor alheia. Bem aventurados os que tem sede e fome de justiça, que são honestos, que não passam os outros para trás, mas, são justos e honestos.
Bem aventurados os misericordiosos, que acolhem a fraqueza e a pequenez do outro, sem julgar ou condenar. Infelizmente, tantas vezes somos rápidos em condenar o outro, antes mesmo de saber o que levou ele a agir desse ou daquele modo. Ter um coração que acolhe a miséria do outro, porque, todos nós somos falhos e pecadores. Bem aventurados os puros de coração, que não tem maldade interior, mas, são carregados de amor e de ternura. A maldade, pelo contrário, brota de um coração que tem o prazer de destruir, de diminuir, de humilhar o irmão. Bem aventurados os que promovem a paz, que é fruto do diálogo, da acolhida do diferente, sem querer impor a força seus próprios pensamentos e suas ideias. Quantas brigas nascem exatamente por essa visão parcial, limitada, impositiva. Bem aventurados os que são perseguidos, por causa de Jesus e do seu Reino. Perseguidos por que se colocam, como Jesus, ao lado dos pequenos, dos fracos e dos excluídos da sociedade. Viver as bem aventuranças, é o caminho seguro da santidade. Ela está ao alcance de todos, na medida em que saímos do nosso mundo, do nosso egoísmo, e nos dispomos a fazer o bem, a servir o próximo.
Edição n.º 1439.