João Batista pregou no deserto a conversão, conclamando o povo a uma mudança radical de vida, pois o Messias estava chegando. Suas palavras eram duras, e causavam, inclusive, medo e culpa em muitas pessoas. Dizia ele que o machado já estava na mão e a árvore que não desse frutos seria cortada e lançada ao fogo. Essa árvore à qual ele se referia é cada um de nós, de certo modo ameaçando e condenando a quem não mudasse de vida. Após o batismo de Jesus, João sai de cena e o encontramos mais tarde na prisão. E lá dentro da prisão, ele ouve certas coisas sobre Jesus que o deixam perplexo e um tanto em dúvidas a respeito do seu messianismo. E é por isso que envia alguns discípulos para irem perguntar a Jesus de modo direto, se ele era o Messias ou deveriam esperar um outro.

A resposta de Jesus não é abstrata, mas, pelo contrário, é um verdadeiro testemunho de vida. Disse ele: ide contar a João Batista que os cegos veem, os surdos ouvem, os paralíticos andam, os mortos ressuscitam, os leprosos são purificados e aos pobres é anunciada a Boa Nova do reino. Nessa resposta está contida toda a missão à qual Jesus foi enviado pelo Pai a este mundo. O seu messianismo passa por essa realidade, carregada de muito amor e compaixão para com os mais simples e os sofredores. Os discípulos de João Batista voltam então para a prisão a fim de contar que ele é realmente o Messias, o enviado pelo Pai. As suas obras, o seu amor, a sua compaixão, tudo revela em Jesus o verdadeiro rosto de Deus.

Apesar disso, Jesus se dirige ao Batista afirmando que ele é o maior entre os homens nascidos de mulher.

Ele é o mensageiro, o precursor, aquele que preparou a vinda do Salvador. João usava uma linguagem dura, que lhe foi repassada pelas lideranças religiosas da época. Era o seu jeito de falar, de pregar, com o objetivo de tocar no coração das pessoas, levando-as a uma conversão, a uma mudança de vida. Foi ele que anunciou a chegada do Salvador, preparando o caminho daquele que ele nem era digno de desamarrar as suas sandálias. A pregação de João Batista era carregada de muita humildade, e, Jesus enaltece o seu jeito de ser e de pregar a vinda do Messias.

No entanto, Jesus traz uma grande novidade para a humanidade, porque diferentemente de todos os pregadores da época, seu jeito de anunciar a palavra de Deus é carregado de muita compaixão e misericórdia. Em nenhum momento Jesus ameaça as pessoas que não o seguirem, impondo medo ou culpa. Esse não é o jeito de Jesus, que prega o evangelho do amor aos mais pobres e sofredores. Que vai ao encontro daqueles que foram abandonados pela sociedade e excluídos do seu meio. O messianismo de Jesus passa pela acolhida incondicional a todos os sofredores, vivendo plenamente aquilo que ele mesmo anunciou: ‘eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância’. Em outra ocasião ele vai afirmar que não são os sadios que precisam de médico, mas, os doentes, os sofredores. E como um bom médico, ele escuta as pessoas, leva a boa nova da esperança, restitui neles a alegria de viver.

Machucados pela dura realidade, eles se alegram porque um novo profeta surgiu para trazer-lhes a esperança de tempos melhores. Esse é o Messianismo de Jesus, que continua trazendo esperança e alegria aos sofredores e aos abatidos da nossa sociedade.

Edição n.º 1495.