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Padre André Marmilicz: “Porei em vós o meu Espírito, e vivereis” (ez 34,14).
Foto: Divulgação

Estamos no mês de setembro e todo ano a Igreja propõe um livro da Bíblia para ser estudado e refletido. Esse ano, caminhamos com o profeta Ezequiel, o profeta da Esperança. A celebração do mês da Bíblia, em todo o Brasil, é expressão de nossa sinodalidade, onde cada comunidade é convidada a tornar a Palavra de Deus conhecida, rezada, meditada e anunciada pelo testemunho autêntico de tantos fiéis comprometidos e encantados pela Sagrada Escritura. O convite para que sejamos ‘Peregrinos de esperança’, nos faz ser como Ezequiel, arautos da esperança. É Palavra de Deus quem nos convida a, mais uma vez, deixar que o Espírito do Senhor, imprima a Lei verdadeira em nosso coração e nos reerga, como ossos secos que voltam para a vida.

A palavra Bíblia vem do grego, Biblos, e, significa, uma biblioteca, uma coleção de livros. Seguidamente eu pergunto para as pessoas se elas têm uma biblioteca em suas casas e, a maioria responde que não. E quando pergunto se tem a Bíblia, dizem que sim. Então, se tem a Bíblia, significa que tem uma biblioteca em casa, com 73 livros. Não deixa de ser uma bela e interessante biblioteca. São 46 livros no Antigo Testamento e 27 livros no Novo Testamento. O problema maior não é ter a Bíblia em casa, mas sim, lê-la e buscar viver de acordo com aquilo que ela nos indica. Por vezes alegamos dizendo que é muito difícil a sua compreensão. E, não deixa de ser verdade. Mas, Santo Agostinho, quando lhe disseram que ela era de difícil entendimento, ele respondeu: ‘é muito fácil entender a Bíblia. Basta viver o amor’. Pois ela é, essencialmente, uma carta de amor de Deus para a humanidade.

Todos os anos a Igreja propõe o estudo de um livro, seja do Novo ou do Antigo Testamento. Esse ano o livro escolhido é o livro do Profeta Ezequiel. Ao longo desse mês, usarei esse espaço para apresentar a vida e os ensinamentos deste grande profeta. Incialmente, faz-se necessário situá-lo dentro do contexto no qual ele viveu e pregou a Palavra de Deus. Talvez foi a época mais conturbada da história do Antigo Testamento, essa na qual viveu o profeta. Vamos apresentar um breve contexto histórico e o panorama do livro do Profeta Ezequiel.

Dominados pelos babilônios, os judeus foram levados para o Exílio e, Ezequiel, é um dos deportados em torno do ano 609 a.c. Em 589 a cidade de Jerusalém foi destruída e na terra foram deixados somente os mais pobres. O ano de 587 a.C. marcou a maior catástrofe para o povo de Deus: sua cidade santa e seu templo foram destruídos, as riquezas perdidas e a terra invadida. A atividade de Ezequiel foi entre os anos de 593 e 571. Ele atuou antes e depois da queda de Jerusalém pela mão dos babilônios.

Antes da queda de Jerusalém, os Oráculos de Ezequiel apontam as infidelidades do povo, causando o domínio dos babilônios. Após a queda, o profeta dá esperança ao povo, anunciando-lhes grandes promessas para o futuro. O livro até o capítulo 32 compõe-se de palavras de ameaça e condenação. A partir do cap. 33 até o final, apresenta grandes anúncios de restauração da vida do povo em sua terra. Ezequiel é colocado como o Sentinela do povo. Ele faz seu anúncio não só com palavras, mas também carregadas de simbolismos. Próxima semana, damos continuidade.

Edição n.º 1431.

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