A alergia é algo comum na vida de muitas pessoas. Quase todo mundo carrega na bolsa um antialérgico e até sabe qual deles tomar para não ficar com sono durante o dia. Porém, mais importante do que nos medicarmos por conta, é ficarmos atentos aos sintomas mais graves, para identificar o momento em que a consulta médica se torna indispensável.

Aproveitando que nesta semana é celebrado o Dia Mundial da Alergia, o doutor Lúcio Flávio Benini Lage, que atua com clínica médica e medicina de emergência na Clínica São Vicente, nos explica quais os tipos de alergias e os sintomas de cada uma, além de identificar os sintomas considerados graves.

Conforme o médico, a alergia é uma reação exagerada do sistema imunológico a algo que, normalmente, é inofensivo. “Quando uma pessoa alérgica entra em contato com um alérgeno, o corpo libera substâncias que causam os sintomas da alergia. As mais comuns, são: alergias respiratórias como a rinite alérgica e a asma alérgica; alergias de pele como a dermatite atópica e as urticárias; alergias alimentares, como ao leite de vaca, ovo, amendoim, castanhas, soja, trigo, peixes e frutos do mar; alergias a medicamentos mais comuns como antibióticos a anti-inflamatórios e alergias a picadas de insetos”, cita.

População deve ficar alerta a sintomas que podem indicar alergias graves
Foto: Divulgação. Doutor Lúcio explica que o tratamento é decidido conforme cada caso e estágio de gravidade.

É possível identificar as substâncias às quais a pessoa é exposta, através dos sintomas. Por exemplo, a alergia respiratória se revela com espirros frequentes, coriza (nariz escorrendo), nariz entupido, tosse, chiado no peito, falta de ar e coceira no nariz, olhos e garganta; na alergia de pele vem a coceira intensa, vermelhidão, inchaço, bolhas, ressecamento e descamação. No caso da alergia alimentar, é preciso saber identificar sintomas como vômitos, diarreia, dor abdominal, coceira na boca, urticária e inchaço nos lábios, língua ou rosto. Nas alergias envolvendo medicamentos e até picadas de insetos, os sintomas podem variar de reações leves como urticária e coceira, para uma reação mais grave como choque anafilático.

“A genética desempenha um papel importante no contexto das alergias. Pessoas que têm pais ou familiares próximos com histórico de alergias, como rinite, asma ou dermatite atopica, têm uma chance maior de também desenvolverem alergias. Essa predisposição genética é chamada de atopía. Além da genética, o ambiente também influencia, como a exposição precoce a alérgenos e a poluição. Um médico qualificado poderá acolher, tratar e orientar e, quando necessário, referenciar um especialista alergologista. A avaliação médica deve ser considerada quando os sintomas são frequentes e atrapalham sua qualidade de vida; quando acontece um episódio de alergia grave; quando os cuidados com o ambiente (higiene regular, ventilação, etc) não melhoram os sintomas; quando os antialérgicos simples não ajudam; e quando há suspeita de alergia alimentar ou a medicamentos, ou sinais de alerta de gravidade”, orienta o médico.

O choque anafilático, ou anafilaxia, é a reação mais grave da alergia e se não receber atenção imediata de uma equipe médica, pode ser fatal. O doutor Lúcio ressalta que o paciente deve procurar o serviço de emergência mais próximo quando alguns desses sinais surgirem: dificuldade para respirar, com chiado no peito, falta de ar intensa, sensação de garganta fechando; inchaço rápido e generalizado principalmente no rosto, lábios, língua e garganta, que podem dificultar a fala e a deglutição; queda da pressão arterial, com tontura, desmaio, palidez, fraqueza; dor abdominal intensa, náuseas, vômitos e diarreia; sensação de calor ou formigamento por todo o corpo; e sonolência ou confusão mental.

“Deixar uma alergia evoluir para um estado grave sem tratamento pode ter consequências fatais. A principal é a parada cardiorrespiratória, que ocorre devido à queda brusca da pressão arterial e à dificuldade de respirar. O diagnóstico da alergia é feito por um médico alergista/imunologista e geralmente envolve uma história clínica detalhada e o exame físico. Em alguns casos específicos, exames complementares como os de sangue ou testes cutâneos de alergia podem ajudar”, informa.

De acordo com o médico, os tratamentos disponíveis para alergia visam aliviar os sintomas, prevenir novas crises e, em alguns casos, modificar a resposta do sistema imunológico. A escolha do tratamento varia de acordo com cada caso e estágio de gravidade, podendo ser orientado o uso de medicações tópicas (pomadas); comprimidos como anti-histamínicos e corticosteroides; broncodilatadores; até mesmo adrenalina. Algumas vacinas (imunoterapia) podem ser recomendadas também.

“É essencial buscar orientação médica. Alguns tratamentos ou práticas não são recomendados e podem ser perigosos, piorando a situação ou causando novas reações. Um exemplo são os corticosteroides orais que têm efeitos colaterais graves. A pessoa também deve evitar dietas de restrição alimentar (leite, glúten, etc.) sem diagnóstico confirmado. Além disso, desconfie de promessas de cura rápida ou definitiva para alergias”, finaliza.

SERVIÇO

O doutor Lúcio Flávio Benini Lage atua em clínica médica e medicina de emergência com o CRM 21961 e RQE 26236 e RQE 26217 na Clínica São Vicente, que está localizada na Rua São Vicente de Paulo, n.º 250, no Centro. O telefone para contato (físico e WhatsApp) é (41) 3552-4000.

Edição n.º 1473. Victória Malinowski.