O Conselho Nacional de Medicina e outras entidades de saúde têm manifestado preocupações sobre a prescrição do medicamento Nimesulida, devido a potenciais efeitos adversos associados ao seu uso. Por conta disso, essas entidades passaram a recomendar que médicos considerem cuidadosamente os riscos antes de prescrever Nimesulida, e busquem alternativas mais seguras para o tratamento dos pacientes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também tem mencionado cautela no uso do medicamento, reforçando a necessidade de considerar alternativas mais seguras.

O otorrinolaringologista da Clínica IMA, Rodrigo Hamerschmidt, afirma que embora a Nimesulida seja um anti-inflamatório não esteroide (AINE), amplamente utilizado para o tratamento da dor e da inflamação, apresenta diversos riscos e efeitos colaterais que devem ser considerados. “No Brasil, a Nimesulida é bastante popular e figura entre os medicamentos mais vendidos. No entanto, seu uso é restrito ou proibido em diversos países devido aos riscos associados a efeitos colaterais graves, especialmente danos hepáticos, e é justamente isso que o Conselho de Medicina e as entidades de saúde brasileiras vêm alertando”, afirma.

Entre os possíveis efeitos colaterais da Nimesulida, Dr Hamerschmidt cita como exemplos a Hepatotoxicidade: o uso do remédio tem sido associado a danos no fígado, incluindo hepatite e insuficiência hepática – casos graves de hepatotoxicidade podem ocorrer, levando à necessidade de transplante em situações extremas; Reações Alérgicas: algumas pessoas podem desenvolver reações alérgicas à Nimesulida, que podem variar de erupções cutâneas leves a reações anafiláticas graves; Problemas Gastrointestinais: como outros AINEs, a Nimesulida pode causar efeitos colaterais gastrointestinais, como dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia e risco aumentado de úlceras gástricas ou hemorragias; Alterações Renais: o uso prolongado do medicamento pode levar a comprometimentos na função renal, incluindo insuficiência renal aguda em alguns casos; Efeitos Cardiovasculares: existe uma preocupação com o aumento do risco cardiovascular associado ao uso de AINEs, embora esse risco específico com a Nimesulida não seja tão bem documentado quanto com outros AINEs: Efeitos Hematológicos: em raras ocasiões, a Nimesulida pode causar alterações hematológicas, como trombocitopenia (redução do número de plaquetas) e agranulocitose (redução dos glóbulos brancos), aumentando o risco de infecções e hemorragias; e Interações Medicamentosas: a Nimesulida pode interagir com outros medicamentos, potencializando efeitos adversos ou reduzindo a eficácia de outras terapias.

“A Nimesulida tem vários efeitos sobre o organismo humano, como o efeito analgésico, onde ao inibir a produção de prostaglandinas, reduz a sensação de dor, o que a torna eficaz no tratamento de diversas condições dolorosas, como artrite, dor muscular e dor pós-operatória. O eleito anti-inflamatório, que age na redução das prostaglandinas e também diminui a inflamação, ajudando a aliviar condições inflamatórias como artrite e tendinite; e o efeito antipirético, que pode ajudar a reduzir a febre ao atuar no sistema nervoso central, inibindo a produção de prostaglandinas que elevam a temperatura corporal”, ilustra.

O otorrino lembra também que a Nimesulida deve ser utilizada em situações específicas, e sua prescrição deve ser sempre feita por um médico. “Aqui estão algumas circunstâncias em que a Nimesulida pode ser considerada: dor aguda, condições inflamatórias, cólica menstrual, febre, condições musculoesqueléticas. Além disso, ela não é recomendada para uso prolongado sem acompanhamento médico. Porém, é importante ressaltar que pacientes com úlcera péptica ou sangramento gastrointestinal não podem tomar Nimesulida em hipótese alguma, uma vez que o medicamento pode agravar essas condições e causar sangramento fatal. Nos pacientes com insuficiência renal grave, a medicação pode reduzir a função renal e causar insuficiência renal aguda; em pacientes com insuficiência hepática grave, pode causar danos hepáticos adicionais e agravar a condição; em pacientes com doença cardíaca congestiva grave, a Nimesulida pode causar retenção de líquidos e agravar a condição; e ainda nos pacientes com hipertensão não controlada o medicamento pode aumentar a pressão arterial e causar complicações cardiovasculares. O uso da Nimesulida por gestantes e lactantes também deve ser evitado devido ao aumento do risco de complicações”, orienta o médico.

PRECISO DE RECEITA?

No Brasil, a Nimesulida é um medicamento que requer prescrição médica para ser vendido. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a Nimesulida é classificada como um medicamento de prescrição, o que significa que só pode ser vendido com uma receita médica válida. “O problema é que existem vários genéricos e similares da Nimesulida que podem ser adquiridos nas farmácias, sem receita”, pontua o Dr Hamerschmidt.

Edição n.º 1454.