Em 1955, uma tentativa de golpe quase inviabilizou a futura presidência de Juscelino Kubitschek (1956-1961), que acabou tendo a posse garantida, pasmem, por um golpe preventivo, ou seja, foi dado um golpe para evitar um golpe.
O governo JK foi marcado pelo Plano de Metas – dos 50 anos de progresso em 5 anos de governo – que pretendia aumentar a produção industrial e de energia, ampliar a malha viária e os investimentos em saúde e educação, tendo como meta síntese a construção de Brasília, inaugura em 21 de abril de 1960.
No entanto, o excesso de otimismo do presidente bossa-nova tinha seu lado complicado. Com o aumento da demanda por bens e serviços, veio a inflação, e com o afrouxamento do controle sobre os gastos públicos, a corrupção se intensificou.
Isso explica a vitória avassaladora de Jânio Quadros em 1960, uma mistura de Lula, Bolsonaro e Pablo Marçal, que prometia varrer a corrupção do país. Embora Getúlio, Jango e JK fossem populista, Jânio, sinceramente, superou todos eles.
Ao herdar um país mergulhado em crise, seu governo começou e terminou em 1961, tendo uma duração de menos de 7 meses. Ao lançar o blefe da renúncia, ele esperava manter-se na presidência com poderes ampliados, não acreditando que aceitariam a sua renúncia, afinal Jango tinha fama de comunista e estava na China, um país comunista.
A posse de Jango só foi possível graças à atuação de seu cunhado, Leonel Brizola, que era Governador do Rio Grande do Sul e conseguiu o apoio do comandante do Terceiro Exército, formando a chamada Rede da Legalidade.
Um acordo se estabeleceu permitindo a posse de Jango após a aceitação do sistema parlamentarista, com a redução dos seus poderes. Insatisfeito, Jango e seus apoiadores venceram o plebiscito realizado no início de 1963, fazendo o Brasil retornar ao presidencialismo.
Enfrentando uma série de desafios, os problemas do governo de Jango se tornaram cada vez mais complexos. Seu Plano Trienal fracassou e as Reformas de Base encontravam resistências crescentes no Congresso. Diante disso, ele optou por uma guinada à esquerda, convocando manifestações populares, apoiando as reivindicações dos militares de baixa patente, a legalização do PCB, as Ligas Camponesas e muitos outros segmentos descontentes.
Os conspiradores golpistas contavam com o apoio dos Estados Unidos. Setores conservadores da sociedade civil eram mantidos em transe diante do perigo vermelho. Em 13 de março de 1964 João Goulart reuniu 200 mil manifestantes no chamado Comício das Reformas de Base. Seis dias depois, a Marcha da Família com Deus pela Liberdade reuniu mais de 500 mil manifestantes, dando o sinal verde para o golpe.
Atualmente, considera-se mais adequado chamar o período que se sucedeu ao golpe de Ditadura Civil-Militar (1964-1985), devido à participação significativa de setores da sociedade civil. A família Marinho, fundadora da Rede Globo; a Folha de São Paulo; governadores de diversos estados como Carlos Lacerda – RJ, Magalhães Pinto -MG, e Ney Braga -PR; membros conservadores da Igreja Católica, entre outros segmentos da sociedade civil, tiveram papel fundamental na articulação do golpe. Muitos deles fizeram parte do Regime, se beneficiaram dele, como a Rede Globo que se tornou por muito tempo a empresa mais poderosa do país, graças à Ditadura.
Para finalizar, como sugestão de documentário para assistir indicamos o premiado “O dia que durou 21 anos”, dirigido por Camilo Tavares, disponível no Youtube.
Edição n.º 1439. Imagem: Blindado em frente ao Ministério da Guerra, 1° de abril de 1964.