Ficar um dia ou dois sem água é tolerável, mas uma semana ou até 15 dias, é desumano. Pois esta tem sido a realidade dos moradores dos jardins Israelense e Arco-Íris, no bairro Capela Velha. De acordo com a líder comunitária de uma das comunidades, as famílias estão sem água até para tomar, tendo que recorrer à compra ou pedido de doações de garrafas de água mineral.

“A situação está muito complicada por aqui. Estamos há cerca de 15 dias sem água pra beber, pra cozinhar e até pra tomar banho. Não sabemos mais a quem recorrer, porque aqui temos centenas de famílias, muitas com com idosos e crianças, e tá ficando insustentável ficar todos esses dias sem água”, lamenta Juliana.

No Jardim Israelense, a situação se repete. Os moradores já estão há duas semanas sem água. Isso mesmo! Quinze dias sem nenhuma gota saindo das torneiras! “A gente questiona a Sanepar sobre o problema, pois estamos em processo de regularização aqui da comunidade, mas nos garantiram abastecimento enquanto não é concluída a questão. Nos cadastramos junto à companhia e queremos pagar pela água, ninguém quer nada de graça. De vez em quando eles vêm fazer alguma manutenção, mas ultimamente temos ficado muito tempo sem água”, lamentou outra líder comunitária.

A reportagem do Jornal O Popular questionou a Sanepar sobre o problema da falta de água nas comunidades, e a empresa disse que está acompanhando o processo de regularização da área ocupada, participando de reuniões e fazendo o levantamento das moradias com a finalidade de auxiliar na implantação da infraestrutura de água para todos os moradores. Explicou ainda que os moradores são abastecidos por estruturas onde existe um único ponto de água que atende a comunidade, que são chamados de ‘torneirões’ e são estruturas provisórias.

O PROBLEMA É GERAL!

A falta de água não tem afetado apenas os bairros mais afastados, as reclamações de moradores de outras regiões têm sido recorrentes. Essa semana, diversas mensagens foram enviadas à nossa redação, de pessoas indignadas com as constantes interrupções no abastecimento, muitas delas sem o prévio aviso da companhia.

As reclamações vieram de bairros como o Costeira, Boqueirão, Iguaçu. “A Sanepar nem sempre avisa que haverá interrupção no abastecimento, e de repente a gente se vê sem água. O problema é que mesmo em cortes programados, a água nunca retorna no horário certo, isso quando retorna, porque às vezes extrapola o prazo e a gente fica mais horas com as torneiras secas”, lamentou uma moradora do Boqueirão.

Um morador do Costeira também se mostrou revoltado com a situação. Segundo ele, tem vezes em que a água retorna após um corte programado, sem pressão suficiente para encher a caixa d’água. “É triste saber que pagamos nossas contas em dia e temos que passar por isso frequentemente, ainda se fosse de vez em quando, seria tolerável. Essa falta de pressão demora pra encher a caixa e a gente muitas horas sem água, sem contar quando entra ar nos canos, daí temos apenas filetes de água nas torneiras”, reclamou.

“Não dá pra suportar mais essa situação! O acesso à água é um direito humano e ninguém merece pagar por algo que não recebe. A Sanepar precisa rever esse problema e encontrar uma solução definitiva, estamos ficando cansados”, ponderou a moradora do Boqueirão.

Sobre essa questão, a Sanepar também foi questionada e respondeu apenas que, desde domingo, ocorreram problemas distintos na rede de abastecimento. Entre eles, vazamento oculto, localizado por pesquisa, e foram identificadas duas redes de água danificadas, o que reduziu a pressão nessas regiões.

PEDIDO DE AJUDA

Com relação aos problemas enfrentados pelos moradores do Rio Negro, a associação de moradores da comunidade está pedindo ajuda das pessoas, através da doação de marmitas e garrafas de água. Os telefones para contato são: (41) 99239-0048 (Fran), e (41) 99673-8143 (Juliana).

Edição n.º 1466.