Emojis, símbolos e siglas, aparentemente inofensivos, estão sendo usados por pedófilos em redes sociais, para disfarçar a comunicação entre eles. O problema é que essas artimanhas, que volta e meia são utilizadas em comentários de fotos e vídeos de crianças e adolescentes, muitas vezes passam despercebidas por pais e responsáveis.

Segundo o agente de polícia judiciária Kelvin Nogueira Gomes, especialista em investigação de violência sexual contra crianças, o maior perigo reside exatamente no fato de os emojis, símbolos e siglas não serem explícitos, o que dificulta a detecção deles. “Pessoas que desconhecem o uso dos emojis podem ler a potencial mensagem perigosa e nem perceber. Daí a importância de divulgar essa questão. Além disso, as próprias crianças e adolescentes podem desconhecer o significado oculto dos emojis e não perceberem que estão vulneráveis em determinado ambiente virtual”, explica.
Kelvin ressalta que existe uma lista grande de emojis que são usados por pedófilos, e que esta pode mudar com certa frequência, no entanto, alguns deles estão sendo mais utilizados atualmente (confira na tabela).

O agente de polícia judiciária também cita que uma das formas mais utilizadas por pedófilos para ganhar a confiança das crianças e jovens é quando ele finge interesses comuns. “Por exemplo, eles costumam fingir que são crianças, usando ‘fakes’, e que gostam de jogos, músicas e filmes que são tendência no momento. Também é comum que eles ofereçam atenção e elogios, pois várias crianças e jovens buscam aceitação e atenção na internet. Então, abusadores podem usar elogios, carinho exagerado e mensagens constantes para criar um falso vínculo emocional. Além disso, eles não tentam avançar rapidamente. A aproximação é lenta e gradual, com conversas frequentes para construir confiança antes de qualquer tentativa de abuso”, alerta.

Para ele, os aplicativos de controle familiar são boas ferramentas para ajudar a proteger crianças e jovens na internet, mas não são por si só a solução do problema, pois nada substitui o diálogo e a educação digital. “É também importante dar ciência à criança ou adolescente da monitoração e o motivo de isso ser necessário. Convém deixar claro para o jovem que não se desconfia dele, mas que a internet oferece riscos a menores de idade”, sugere.

Kelvin reforça que as melhores armas no combate desse problema são a educação e o diálogo. “Não à toa, os agentes da nossa delegacia, sempre que possível, vão às escolas de Araucária realizar palestras sobre prevenção de crimes online contra crianças e adolescentes. Aos pais, cabe estabelecer um diálogo aberto e honesto sobre esse tema delicado, incentivando as crianças a falarem sempre que se sentirem desconfortáveis ou assustadas, sem medo ou vergonha. Também é importante ajuda-las a entender o conceito de limites pessoais e respeitar os limites dos outros. Ainda deve-se orientar sobre o que é seguro compartilhar na internet, lembrando que não se deve compartilhar fotos ou informações pessoais”, cita.

ONDE DENUNCIAR

Possíveis situações de pedofilia podem ser denunciadas através do disque 100 para denúncias anônimas, mas caso já haja conhecimento do crime, o mais indicado é ir até a delegacia mais próxima para registrar a ocorrência. “Em Araucária, caso a vítima seja menina, a unidade responsável é a Delegacia da Mulher. Caso a vítima seja um menino, a unidade responsável é a Delegacia Regional”, afirma Kelvin.
Ainda de acordo com ele, o registro do boletim de ocorrência é essencial para que a polícia possa, o mais rápido possível, investigar os crimes ocorridos, prevenindo futuros delitos, além de ajudar na produção de estatísticas que orientarão políticas públicas para combater esse problema.

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Edição n.º 1481.