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Editorial: Transtornos passageiros, benefícios permanentes

Há algum tempo divulgamos a inauguração de uma igreja LGBTQ+ em Araucária. Nossa cidade tem uma população bastante diversificada, com pessoas vindas de diversos lugares, com diferentes visões de mundo, valores variados e muitas vezes conflitantes, mas o segredo para uma cidade assim dar certo é a tolerância. Aprendemos a conviver com a música que nos parece tão diversa daquela que aprendemos e gostamos, aprendemos a conviver com pessoas que tem hábitos tão diversos dos nossos, pessoas tão diferentes.
Muito nos surpreendeu, portanto, a reação de vários araucarienses à notícia dessa nova igreja. Muito comentário homofóbico, tiração de sarro. Como se as chaves das portas do céu pertencessem a uma determinada religião ou modo de pensar. Como se fosse certo que um determinado grupo escolhesse quem merece a salvação ou não, ou, ainda pior, quem tem direito de ter uma religião ou não.
Ninguém tem as chaves das portas do céu, a exclusividade de Deus, a versão final e definitiva da interpretação teológica. Na verdade, Jesus nunca fez acepção de pessoas. Pelo contrário, buscou conviver e amar pessoas que eram estigmatizadas socialmente na sua época. Fica claro que a atitude dessas pessoas não está pautada pelos valores cristãos.
Não temos o direito de impedir ou dificultar por qualquer meio que uma pessoa busque o seu caminho para Deus. Ao invés de criar dificuldades, fazer piadinhas, ridicularizar, mostre-se uma pessoa generosa, aberta, verdadeiramente cristã, e apoie essa iniciativa. Pense nisso e boa leitura.

As portas do Céu

Publicado na edição 1313 – 26/05/2022

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