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Embora os números não sejam exatos, uma pesquisa feita recentemente sobre o uso do cigarro eletrônico no Brasil deixou a comunidade médica alarmada. O levantamento apontou que mais de 3% da população brasileira acima dos 18 anos faz uso diário ou ocasional do dispositivo. Por mais que sua venda seja proibida no Brasil, o vape, como também é conhecido, é de fácil acesso, pode ser encontrado em tabacarias, lojas de conveniência, supermercados e sites. E a possibilidade de adicionar sabores ou mesmo combinar com o canabidiol torna o vape ainda mais atraente para os jovens.
As informações falsas que circulam neste meio, afirmando por exemplo que o cigarro eletrônico produz apenas um inofensivo vapor de água, contribuem com seu uso discriminado, mas médicos afirmam justamente o contrário, que diversas substâncias prejudiciais à saúde são inaladas pelos fumantes, causando um risco para a saúde.
A pneumologista da Clínica São Vicente, Katia Garbini Gonçalves, alerta sobre a necessidade de conscientizar os jovens enquanto ainda estão na escola, explicando os malefícios do e-cigarro e orientando-os de que a propaganda de que se trata de um produto inócuo para a saúde é falsa. “No Brasil o vape ainda está proibido e o Conselho Federal de Medicina está lutando para que se mantenha assim. Infelizmente, a realidade é que o total impedimento do uso se tornou difícil devido a sua alta disseminação. Levando isso em consideração, acredito que o ideal seria impor as mesmas restrições que existem para o cigarro convencional. Isto é, proibir uso em ambientes públicos e fechados, proibir venda para menores de idade, proibir uso de flavorizantes, incluir advertências do ministério da saúde e regulamentar sua composição”, diz.
A médica lembra que o e-cigarro contém nicotina, que é a substância altamente viciante do cigarro convencional e que essa nicotina pode afetar o desenvolvimento cerebral de adolescentes e adultos jovens e prejudicar o feto em gestantes. “Além da nicotina, o aerosol gerado também possui solventes irritantes para o pulmão e pequenas partículas que podem se depositar nesses órgãos. Alguns flavorizantes podem ser seguros se ingeridos em alimentos, porém prejudiciais se inalados. Além disso, esse aerosol também pode prejudicar as pessoas ao redor”, elucida.
Cancerígeno
Dra Katia reforça ainda que substâncias conhecidamente cancerígenas foram identificadas no vapor do e-cigarro e que estas toxinas nem sempre estão presentes no líquido em si, mas podem ser produzidas durante o processo de vaporização. “Em 2019 houve uma epidemia nos EUA de injúria aguda pulmonar causada pelo e-cigarro, doença que ficou conhecida como EVALI. Neste período, 2600 pessoas foram hospitalizadas por este motivo, muitos necessitando de suporte de UTI, sendo que 60 casos foram fatais. Esta epidemia foi causada pela presença de acetato de vitamina E em e-cigarros, substância utilizada para diluir canabidiol. Como não há regulamentação adequada das substâncias presentes no e-cigarro, no futuro poderemos ter novas epidemias devido a outras toxinas presentes no mesmo”, lamentou a pneumologista.
Outro ponto apontado pela especialista é quanto à carga tabágica, que quanto maior, mais dano causa à saúde. Carga tabágica, segundo ela, é o produto do número de maços fumados por dia, vezes os anos de tabagismo. Porém, a médica afirma que exposições menores também são prejudiciais, basta saber que mesmo aqueles que não fumam, mas são expostos frequentemente à fumaça (os tabagistas passivos) também podem desenvolver doenças. “O e-cigarro tem menos toxinas que o cigarro convencional, lembrando que o último tem nada menos que uma mistura mortal de cerca de 7000 toxinas, porém é incorreto dizer que ele não é prejudicial à saúde. E se considerarmos a falsa propaganda de que o e-cigarro é inofensivo e também o uso de flavorizantes que o tornam mais palatável, acaba sendo a porta de entrada para o uso do cigarro convencional, abrindo precedentes a todos os seus malefícios. Efeito este que, infelizmente, estamos observando com frequência na população mais jovem”, comentou a médica.
Serviço
A pneumologista Katia Garbini Gonçalves atende na Clínica São Vicente, localizada na rua São Vicente de Paulo, 250 – Centro. Para agendar uma consulta, entre em contato pelo whatsapp (41) 98780-1440 ou fone 3552-4000.

Uso do cigarro eletrônico cresce entre jovens e preocupa especialistas de saúde
Foto – divulgação


Texto: Maurenn Bernardo

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