Não pensemos na crucifixão de Cristo. Pensemos em nossa crucifixão.
Mas preferimos olhar para a crucifixão de Cristo.
Assim, desviamos a atenção, porque é muita dor olhar para nós, detectar as trevas interiores e crucificá-las.
“Se o grão não morrer debaixo da terra, não virá a espiga alegrar a mesa”.
Nossas trevas nos assustam, nos envergonham, nos causam culpa, nos pedem responsabilidade, nos pedem escolhas…
E então é melhor olhar a crucifixão de Cristo: vamos à igreja fazer a via sacra, queremos que todos nos vejam, que vejam nosso farisaísmo, em vez de caminhar para o templo interior, nos recolher, fazer a via sacra interior, crucificar nossos egos.
Cristo não quer que choremos por Ele; antes, quer que choremos por nós mesmos.
Porque a única maneira de reviver, de ressuscitar, de sermos novas pessoas, é nos crucificar, crucificar nossos egos: ambições, vaidades, invejas, ódio e vingança, preguiças, indiferença, vícios, moralismos, julgamentos, tantos e tantos pesos, ilusões…
O autoconhecimento nos condiciona a autopurificação, e a autopurificação nos condiciona a Ressurreição, a transformação, a vida nova, a Páscoa interior.
“Se o grão não morrer debaixo da terra, não virá a espiga alegrar a mesa”.
Edição n. 1359