A vinda de Jesus ao mundo foi cercada de muita expectativa, sobretudo, do povo de Israel. Eles imaginavam um Messias forte, poderoso, que viria para resgatar Israel do domínio de outros povos e se tornar, apesar de pequeno, o povo por excelência. E Jesus, longe de satisfazer esses sonhos judeus, se coloca claramente ao lado dos pequenos, dos humildes, dos pobres e dos excluídos da sociedade. Diversas vezes e, em diversas circunstâncias, ele se manifesta dizendo: ‘não são os sãos que precisam de médico, mas os doentes’. Os seus gestos e suas palavras, assim como os seus atos, manifestam claramente essa preferência do Mestre pelos mais sofredores. Isso não quer dizer que ele deixa os outros de lado, pois ele mesmo afirma: ‘eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância’.
Jesus observa que os poderosos da sua época, os sacerdotes do templo, os defensores da moral, os que se acham perfeitos, se colocam surdos e cegos à sua palavra. Não a acolhem e, ainda o criticam e desprezam a sua boa nova. Os pequenos e humildes, pelo contrário, sentem-se profundamente felizes e receptivos ao evangelho. Por isso, Jesus dá glórias a Deus porque não revelou os valores do Reino aos grandes e poderosos, mas sim, aos pequenos e humildes. Essa é a atitude que agrada profundamente ao Mestre, porque somente quem tem um coração pequeno, manso e humilde, é capaz de deixar-se guiar pela palavra do Mestre. Seguidamente nós rezamos: ‘Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso’.
Entender o que significa seguir Jesus é realmente algo muito exigente. No começo, muitos o seguiam movidos pelos milagres que ele fazia. Mas, no momento em que ele começa a falar das exigências do seguimento, muitos o abandonam, dizendo que a sua proposta é muito difícil de ser seguida. Mas, quando pergunta aos apóstolos se também querem abandoná-lo, Pedro responde com muito entusiasmo: ‘a quem iremos nós, Senhor? Só tu tens palavras de vida eterna’. Seguir Jesus é, claramente, colocar-se ao lado da vida e defender aqueles mais pobres e abandonados. Para tanto, a condição é que tenhamos um coração aberto, manso e humilde. Os orgulhosos, os que se acham melhores do que os outros, os moralistas e que acham perfeitos, não conseguirão entender e seguir a proposta revelada por Jesus em prol do Reino de Deus.
Coração humilde e manso é aquele que se coloca numa atitude de abertura, para escutar lá no fundo o que Jesus tem a falar. Na medida em que fazemos um encontro pessoal com o Mestre, ele vai manifestando dentro de nós a sua vontade. Isso requer uma motivação em mudar, em ser diferente, o que realmente não é muito fácil. Geralmente somos movidos pelas nossas convicções, pelas nossas ideias, por aquilo que acreditamos ser o certo e assim por diante. Diante de Jesus, o nosso coração deve ser humilde, ou seja, capaz de admitir que precisa mudar e ser diferente. Somente aqueles que se despem de suas resistências, da busca das vantagens pessoais, do seu egoísmo que os torna fechados em seu mundo, é que entenderão a proposta do Reino. E, compreender a Boa Nova de Jesus, do Reino de Deus, é colocar-se na dinâmica de quem está sempre pronto a ajudar os mais pobres e necessitados. Fazer da nossa vida, uma doação ao próximo, principalmente, em prol dos mais pequenos e humildes.
Edição n. 1370