O povo de Israel sempre se orgulhou de ter sido o povo escolhido por Deus. Desde o início da Bíblia, encontramos a história de Abraão que deixa sua terra e vai em busca de uma terra que Deus lhe confiaria. Quando o povo estava escravo no Egito, ‘Deus escutou o clamor do seu povo’, e, enviou Moisés para libertá-lo da escravidão. Durante os 40 anos em que esteve no deserto, a nuvem onde estava Deus, sempre os acompanhava no caminho. O povo tinha certeza de que Deus estava com eles e os conduzia, guiados por Moisés, para a terra prometida. Quando chegaram na terra onde corria ‘leite e mel’, fizeram um pacto, uma aliança de amor com Deus, por toda a sua vida. No entanto, com o passar do tempo, o povo foi se afastando de Javé e seguiram outros deuses. Por causa disso, foram dominados pelos povos vizinhos e levados para o exílio na Babilônio, onde viveram como escravos por muito tempo.
É nesse contexto que nasce o profetismo, ou seja, os profetas, enviados por Deus, que denunciaram os erros dos dirigentes e muitos deles, são presos e outros inclusive torturados e mortos. Deus nunca abandonou o seu povo, Israel, mas o povo se distanciou Dele, sobretudo, através dos seus dirigentes. Apesar de ter enviado os profetas, como seus mensageiros, não houve mudança de atitude e, por isso, por fim, enviou seu próprio Filho para salva-los da ruína imposta pela ganância, pelo desvio da proposta de vida e de libertação desde sempre lhes apresentada por Deus. E nem o Filho eles ouviram e o mataram, imaginando que seriam agora donos da vinha, do Reino. Aconteceu então algo inesperado: a vinha é tirada do povo de Israel e confiada a outros vinhateiros, que, com certeza, entregarão os frutos do Reino e restituirão o projeto do Reino de Deus.
Claramente, essa vinha é confiada aos cristãos, àqueles que seguem a boa nova do Reino, seguem a Jesus Cristo. Mas, desses vinhateiros, é esperado que produzam frutos de amor, de justiça, de paz, de partilha, de solidariedade, enfim, que vivam plenamente os valores apresentados no evangelho, por Jesus Cristo. Caso contrário, a vinha poderá ser entregue a outros vinhateiros, que produzam bons frutos. Esse é o grande desafio proposto pelo Filho, que veio revelar o plano de Deus para com a humanidade. Um plano que passa necessariamente pelo amor, um amor que é plenamente misericordioso, compassivo, que se preocupa com os mais pobres e necessitados, que se coloca do lado dos sofredores.
Hoje, os vinhateiros do Reino somos todos nós que seguimos a Boa Nova, o Evangelho de Jesus Cristo. Mas não basta ufanar-se ou orgulhar-se por seguir a religião cristã. Muito mais do que isso, o desafio está exatamente em produzir frutos, a fim de que o Reino de Deus, pregado por Jesus, aconteça nesse mundo. Os cristãos, naturalmente deveriam espelhar algo diferente daqueles que não creem, no seu jeito de ser, de tratar os outros, de viver a sua vida. No início do cristianismo isso era evidente, e, todos se admiravam do jeito de conduzir a vida dos primeiros cristãos. Eles testemunhavam através de suas vidas, o amor profundo a Deus, no seguimento a Jesus Cristo. Esse continua sendo o desafio para nós, cristãos, no mundo atual. Somos chamados a produzir bons frutos, e, isso deve ser percebido pelo modo de acolher, de tratar as pessoas, pelo amor e misericórdia, especialmente para com os mais sofredores.
Edição n.º 1383