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Foto: Divulgação.

Em 22 de abril de 1500 os tupiniquins do atual litoral baiano foram surpreendidos com uma visão que mudaria para sempre a história dos povos indígenas que aqui viviam e dos portugueses que aqui chegavam. Embarcações fortemente armadas indo em direção à Índia, comandadas por Pedro Álvares Cabral, trazendo à costa homens de pele clara, com pelos no rosto, usando vestimentas estranhas e falando uma língua desconhecida.

A maior esquadra a cruzar o Atlântico até então, fazia uma parada providencial em Pindorama, nome tupi dessas terras. Logo esse pedaço do paraíso foi rebatizado de acordo com os desígnios dos portugueses, pois europeus católicos que eram, precisavam dedicar tamanha façanha ao nosso Senhor Jesus Cristo, por isso a chamaram de Ilha de Vera Cruz. O nome não agradou, aqui não era ilha, e o rei português achou o nome estranho. Então mudaram para Terra de Santa Cruz, mas o nome também não pegou e com o tempo acabou se impondo o nome de Brasil, que era uma clara referência ao pau-brasil, lenho de cor vermelha que valia muito dinheiro na Europa.  Naquele tempo aqueles que negociavam a valiosa madeira eram conhecidos como brasileiros, portanto brasileiro a princípio era uma profissão.

O período que vai de 1500 a 1530 acabou ficando conhecido como Brasil Pré-Colonial, porque num primeiro momento os portugueses demonstraram pouco interesse na colonização do território, contentando-se em deixar aqui alguns degredados (condenados abandonados à própria sorte no litoral brasileiro), fundar feitorias (entrepostos comerciais onde trocavam com os indígenas quinquilharias por pau-brasil) e fazer do nosso litoral local de reabastecimento das embarcações que seguiam rumo às Índias em busca de maiores lucros.

Com a concorrência de outras potências europeias no comércio das especiarias (cravo, canela, noz-moscada, pimenta, gengibre, etc.) e a consequente queda dos lucros com as Índias Orientais, mais o risco de perderem essas terras para outras potências invasoras, o rei não teve dúvida, era preciso iniciar a colonização efetiva do Brasil.

Inicia-se então o mais longo período da nossa história, o Brasil Colonial, de 1530 a 1808. Nesse tempo o Brasil era uma colônia de Portugal, ou seja, nós tínhamos uma metrópole que na medida do possível controlava a nossa vida política, econômica, social e até mesmo cultural. Tudo aquilo que o Brasil produzia para a exportação só poderia ser vendido para Portugal e tudo aquilo que precisávamos importar só poderia ser comprado de comerciantes portugueses, o nome disso é monopólio colonial ou exclusivo comercial. É lógico que havia contrabando de ouro, couro, pedras preciosas, dentre tantas outras mercadorias. Havia até mesmo contrabando de pessoas escravizadas. Contudo as regras eram rígidas e as punições severas contra quem ousasse desafiar ou ludibriar as autoridades portuguesas.

No período colonial a Coroa Portuguesa trabalhou firmemente para impor a religião católica entre seus súditos e administrados, mesmo que para isso fosse necessário exterminar aqueles povos que se opunham ao projeto colonizador português. Também manteve rédea curta na participação política dos colonizadores que para cá vieram, as principais decisões eram tomadas em Portugal, em consonância com os interesses mercantis lusitanos.

No campo social os portugueses criaram um mundo em que os poderosos eram quase sempre brancos, enquanto as pessoas com a pele escura, como pretos, indígenas e pardos quase sempre viviam em condições de pobreza, miséria e até mesmo de escravidão. Para isso escravizaram ou exterminaram muitos indígenas e trouxeram à força muitos africanos, invariavelmente reduzidos à condição de escravizados.

Dito de outra forma, do ponto de vista da metrópole portuguesa, a sua colônia na América existia para produzir riquezas e transferi-las para os poderosos lusitanos, não importando os custos humanos de tal empreendimento.

Foi só no final do século XVIII, que os colonos, inspirados pelos ideais iluministas, compreenderam melhor as agruras do Pacto Colonial, e só então, iniciaram um longo processo de contestações, revoltas e conflitos que foram duramente reprimidos pela metrópole. Nessa altura do campeonato a Crise do Sistema Colonial já se mostrava irremediável. Mas essa História fica para um próximo artigo.

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