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Imagem de destaque - Padre André Marmilicz: A humanidade de Jesus
Foto: Divulgação

Depois que Jesus deixou a sua cidade de origem, Nazaré, onde viveu até os 30 anos de idade, ele desceu até às margens do mar da Galileia para anunciar a Boa Nova do Reino. Depois de um tempo de pregação, voltou novamente para Nazaré e ali também continuou anunciando o evangelho. Aqueles que o conheciam, ficaram atônitos e, porque não dizer, escandalizados, quando ouviram os seus ensinamentos. Pensavam: mas ele não é o filho de José, o carpinteiro e de Maria? Suas irmãs não moram aqui em Nazaré? E Jesus ficou impressionado com a tamanha falta de fé deles na sua pessoa, afirmando: nenhum profeta é bem aceito em sua própria pátria. E ali, na sua terra natal, fez poucos milagres, curando apenas alguns doentes.

Pode parecer estranho esse fato de que Jesus não fora aceito pelos seus, mas, por vezes, penso que tenha sido algo plenamente normal. Ele era apenas um homem, e, de repente, se apresenta como Filho de Deus, o Enviado, o Messias. Para eles foi realmente uma verdadeira mudança, pois, aquele que era apenas mais um deles, agora se apresenta como o Filho de Deus. O que escandaliza neles é exatamente isso: como que, sendo apenas um homem, igual a todos os outros homens, se apresenta agora como o Filho de Deus? Algo muito difícil de ser entendido e ser assimilado por eles, que o viram crescer e conviver diariamente com eles.

A divindade de Jesus passa plenamente por sua humanidade. É impossível entender o Cristo da fé, glorioso, ressuscitado, sem refletirmos o Jesus da história. Suas palavras, seu jeito de ser e acolher a todos, seus gestos carregados de compaixão e misericórdia, manifestam o verdadeiro rosto de Deus. Quando Jesus fala e acolhe as pessoas e realiza as obras de amor, é Deus que está realizando através dele. Esse é um grande mistério, do Deus que se encarnou e veio habitar entre nós. Ele foi em tudo igual a cada um de nós, menos no pecado. Quando desprezamos a humanidade de Jesus e somente proclamamos a nossa fé no Cristo glorioso, negamos a essência daquilo que ele é. A sua glória foi consequência da sua vivência aqui na terra, carregada de um amor extremo, até as últimas consequências, morrendo na cruz para nos salvar.

Olhando para o Jesus plenamente homem, buscamos naquilo que ele falou e fez, um modelo para a nossa própria existência. Para seguir Jesus não basta elevar o nosso olhar para ele e nem dizer ‘Senhor, Senhor’, mas viver de acordo com os seus ensinamentos. Por vezes tendemos a exaltar somente o Cristo da fé, o Cristo ressuscitado e glorioso e esquecemos que ele passou por uma humilhação profunda nesse mundo. Todos o abandonaram, e, ele ficou praticamente sozinho, negado por aqueles que uns dias antes o aclamaram como o seu rei. A morte foi uma consequência do imenso amor derramado a todos, especialmente, aos mais pobres, abandonados e excluídos da sociedade. Assim como ele, somos chamados a fazer da nossa vida, uma doação, uma entrega em prol dos outros, sobretudo, dos mais sofredores. Não basta olhar para o alto; é preciso olhar para a terra, e, ali, estender a mão ao necessitado, levar uma palavra de consolo e conforto ao sofredor, ser um facho de esperança na vida de quem anda desanimado e deprimido. Hoje Jesus se serve das nossas mãos, dos nossos pés, do nosso olhar, de todo nosso corpo, para sermos testemunhas do seu amor.

Edição n.º 1422

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