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Padre André Marmilicz: O pão da vida eterna
Foto: Divulgação

Jesus parte do pão material que sacia a fome da pessoa momentaneamente, mas, depois ela voltará a sentir fome novamente, prometendo um pão que matará a fome e sede para sempre. Este pão é ele mesmo, como pessoa e o seu evangelho, a sua boa nova. E, mais do que isso, diz Jesus: ‘quem comer desse pão, viverá eternamente’. Pão da vida eterna é o próprio Jesus, o alimento que nos fortalece espiritualmente e dá sentido para a nossa existência. Só ele pode preencher o vazio que nos causa a busca insaciável pelas coisas materiais. Ele, pelo contrário, nos alimenta plenamente e nos anima a viver, fazendo o bem, com alegria e entusiasmo.

Crer em Jesus como pão da vida eterna, não é simplesmente acreditar que ele viveu e que passou por essa terra. Muito mais do que isso, é procurar viver de acordo com o que ele viveu, amar como ele amou, fazer aquilo que ele fez, ir ao encontro daqueles que ele foi, privilegiar aquilo que ele privilegiou. Crer em Jesus, pão da vida eterna, é deixar-se guiar e tocar pelos seus ensinamentos, por suas palavras, por seus gestos e suas ações. Como dizia são Paulo, ‘já não sou mais eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim’, ou seja, que a nossa vida espelhe o amor de Jesus, espalhado aos irmãos

Para nós católicos, a eucaristia é a fonte da nossa vida cristã, como bem nos dizia o papa São João Paulo II. Na eucaristia, alimento que mata a nossa fome espiritual, encontramos a razão e o sentido para a nossa vida. No entanto, esse pão não é mágico, pois, requer a nossa disposição interior de querer seguir a Jesus e ser um testemunho vivo da sua presença no meio de nós. Ele se manifesta no mundo de hoje através de cada um de nós. Nós somos os seus lábios que pronunciam por palavras o amor de Deus; nós somos os seus abraços que acolhem, que ajudam, que fazem o bem.; nós somos as suas pernas que vão ao encontro daquele mais necessitado e carente do seu amor; nós somos a sua mão que levanta quem está caído e derrotado pelo peso da existência.

Na medida em que exalamos através do nosso jeito de ser o perfume do amor de Jesus, vamos nos preparando para um dia viver plenamente. Ele nos garantiu que aquele que fizer qualquer pequeno gesto de amor em prol da pessoa mais carente, não passará despercebido de Deus. Pois, tudo o que fizermos por aquele mais necessitado, indefeso, doente, frágil, pequeno, é a ele mesmo que estamos fazendo. Jesus continua vivo entre nós, e, assim como quando passou aqui na terra, ele tem um amor predileto para com os mais abandonados e excluídos da sociedade. Cada pequeno gesto de amor, de ternura, de compaixão, de misericórdia, vai nos abrindo as portas da eternidade. Tudo o que fizemos para um destes pequeninos, diz Jesus, é a ele que estamos fazendo.

Receber o pão da eucaristia é comungar a certeza da vida eterna. Ele não nos abandonará, mas, estará sempre presente em nossa vida. No entanto, esse alimento deve nos transformar por dentro, mudar o nosso jeito de ser e de viver, nos impulsionado a deixarmos o nosso pequeno mundo, indo ao encontro, sobretudo, daquele mais carente e necessitado. Esse pão nutre a nossa fome espiritual e nos faz mais solidários, mais compassivos e misericordiosos, pois, quando Jesus vive dentro de nós, ele nos inquieta e nos faz amar, ajudar, e se colocar por inteiro, a serviço dos irmãos.

Edição n.º 1427.

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