Dois minutos de conversa são o suficiente para se perceber as diferenças culturais entre o Brasil e a ilha de Cuba. Tanto na economia quanto na cultura (leia matéria em nossa página 4). A grana lá é curta, muito curta, curtíssima. Os médicos da ilha socialista que estão trabalhando aqui em Araucária serão três especialistas. Segundo eles, fizeram os quatro anos de medicina básica e mais dois de especialização em medicina da família. Com essa qualificação, ganham lá cerca de U$ 25. Isso mesmo, vinte e cinco dólares por mês. Algo, convertendo pelo câmbio de ontem, pouco mais que R$ 58. Imagine viver com cinquentão por mês.
É bom lembrar que o custo de vida lá é, em proporção parecida, muito baixo. Para os médicos que estão trabalhando aqui, segundo o convênio firmado entre o Brasil e Cuba, entre outros valores que irão para suas famílias e a parte que fica para o governo e tal, o salário que ficará com eles será de U$ 400, mixaria para nossos padrões para a mesma função, mas uma fortuna para eles. Mesmo assim, para sobreviver aqui com esse valor apenas não vai ser fácil. Por isso eles ainda têm uma ajuda de custo para alimentação e para moradia.
Mas diferenças financeiras à parte, o interessante mesmo é o tratamento que eles estão dando aos pacientes, seja fazendo perguntas, revendo os remédios que ele já estão tomando, conversando sobre o histórico familiar, enfim, tentando entender qual é o problema, antes de diagnosticar. As pessoas, acostumadas a quase nem serem tocadas por nossos médicos, estão estranhando num primeiro momento e se encantando em seguida. A curiosidade agora é saber como é que nossos médicos irão reagir – ou não – a presença e forma de trabalhar dos médicos “importados”. Pense nisso e boa leitura.