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Padre André Marmilicz: Um reino que não é deste mundo
Foto: Divulgação

A vinda de Jesus para esse mundo, impactou a sociedade para sempre, por todos os séculos. Ele é o Messias aguardado, esperado, anunciado pelos profetas e recebido com alegria pelo povo de Deus. Ele escolhe a região da Galileia, um lugar bastante simples e pobre, morando provavelmente na casa da sogra de Pedro, em Cafarnaum. É ali que Ele se move a pé, passando pelos diversos povoados vizinhos; é dali que Ele se move de barco, visitando povos próximos de Cafarnaum. Ele se move, se movimenta, preocupado com os doentes, com os pecadores, com os pobres, os últimos, os excluídos da sociedade. Não são os sadios que precisam de médico, mas os doentes. As diversas parábolas apontam também para a grande predileção de Jesus pelos pecadores e por sua conversão. A parábola da ovelha perdida, do filho pródigo, da moeda que se perde, mostram a direção da sua boa nova. Ele não exclui ninguém, mas vai aos pobres: vinde a mim, vós que estais cansados e oprimidos e eu lhes darei descanso.

O Messias esperado pelo povo judeu, desmonta totalmente a ideia de poder, de domínio, de guerra, tão ventilada pelas autoridades religiosas e políticas da época. Elas esperavam um Messias forte, poderoso, guerreiro, que viria para fazer de Israel o maior dos povos da terra. Mas, pelo contrário, Ele não se serve dos poderes deste mundo para mandar e dominar. Ele dá sinais, através de suas palavras, gestos e obras, o significado do seu Reino: um reino de amor, de paz, de justiça, a serviço, sobretudo, dos mais pobres e sofredores. E isso decepciona as autoridades, que se sentem ameaçadas por um homem, carregado de amor, de bondade, de ternura, de compaixão e de misericórdia. A sua revolução dispensa armas, poder político ou econômico, porque ela é pautada no amor, que se transforma em serviço, em doação, em entrega plena àqueles mais carentes, mais desamparados e excluídos da sociedade.

O Mestre vai demonstrar ao longo da sua missão aqui na terra, o que significa construir o Reino de Deus. Aos discípulos Ele afirma com propriedade; ‘os reis deste mundo mandam, massacram, dominam, mas, entre vocês não deve ser assim: quem quiser ser o primeiro, seja o último, ou seja, aquele que serve. Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas, para servir, e dar a vida em resgate de muitos’. O seu último gesto concreto neste mundo, como uma espécie de testamento deixado para os seus seguidores, foi lavar os pés dos discípulos. Olhando para eles, assim Ele manifesta a sua proposta de Reino de Deus: ‘vocês me chamam de Mestre e Senhor, e eu o sou; e se eu, vosso Mestre e Senhor lavei os vossos pés, vocês também devem aprender a lavar os pés uns dos outros’.

Antes de ser condenado à morte, quando questionado por Pilatos se Ele era rei, a sua resposta foi clara: ‘sim, sou rei, e é para isso que vim. Mas, o meu reino não é deste mundo’. Os reis mandam, exploram, se valem do poder para dominar e massacrar, mas, o Reino de Jesus é pautado no amor. Um amor que está pronto para servir, para se entregar totalmente em prol dos mais necessitados, a ponto de morrer na cruz para nos salvar. A exemplo do Mestre, como seus seguidores, nós somos chamados a passar pela vida ajudando, servindo, fazendo o bem. Na Igreja somos todos irmãos, prontos a servir, a dar a nossa vida, com alegria em prol da construção do Reino de Deus.

Edição n.º 1442.

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