Um parecer assinado por técnicos da Secretaria Municipal de Planejamento (SMPL) após a realização de alguns ensaios independentes na concretagem da obra de reforma e ampliação da Unidade básica de Saúde (UBS) São José, que fica na rua Malva, no jardim Tupy, constataram que toda a estrutura executada está condenada. O documento foi emitido agora no dia 24 de novembro de 2025.

A novela sobre a reforma e ampliação da UBS já é antiga. Os trabalhos foram iniciados em 2023 e abandonados em 2024. Desde então os moradores daquela região têm sido atendidos num lugar improvisado.

Em janeiro de 2025, quando a atual gestão assumiu o comando do Município, a obra da UBS Tupy era uma das nove que foram abandonas por quem administrava a cidade até dezembro de 2024.
Diante do cenário, a Prefeitura iniciou ainda no primeiro semestre os trabalhos para licitar a retomada da obra. Foi neste momento que os técnicos identificaram que os serviços aparentavam ter sido executados em desconformidade com aquilo que previa o projeto.

Para clarear o caso houve a contratação de uma empresa especializada em ensaios de engenharia. O laudo de ensaio é assinado pelo engenheiro independente Cleiton José Brum, da ADATHEC. “Esses resultados demonstram que todos os métodos de controle tecnológico indicam resistência do concreto inferior ao especificado em projeto. A resistência média dos testemunhos extraídos, mesmo após correções normativas, não atende ao mínimo exigido. A baixa resistência compromete a segurança estrutural, durabilidade e desempenho da edificação”, constou do parecer técnico.

Essa aferição é feita com a retirada dos chamados corpos de prova da estrutura periciada. Posteriormente esses “testemunhos” são submetidos a testes para verificar sua resistência. Ao todo foram 14 amostras analisadas. Elas foram retiradas de vários pontos da construção, sendo que todas foram reprovadas.

Diante disso, a conclusão dos técnicos da SMPL é pela demolição total de todas as estruturas existentes no terreno da antiga UBS Tupy. “Diante do exposto, considera-se plausível recomendar a demolição total de ambas as estruturas existentes no terreno, considerando o comprometimento estrutural identificado nos ensaios, as intervenções inadequadas realizadas durante a reforma, a não conformidade dos elementos estruturais com a NBR 6118:2023 e o abandono da obra e a impossibilidade de garantir a segurança e durabilidade das edificações. A demolição permitirá a elaboração de novo projeto, atendendo integralmente às normas técnicas e garantindo a segurança dos futuros usuários”, finaliza o documento assinado por três engenheiros do Departamento de Projetos da Prefeitura.

Perícia recomenda demolição de toda estrutura da UBS Tupy
Todas as amostras foram reprovadas quando submetidas aos testes periciais.

PRÓXIMOS PASSOS

Com a constatação de que a solução é colocar toda a obra no chão, já é possível constatar que o prejuízo direto aos cofres do Município é de quase R$ 600 mil. Foi esse o valor que a Prefeitura já havia pago à Construtora Luiz Felipe Duarte Ltda., que tem sede em Cascavel. Ela venceu o certame pelo preço de R$ 2,9 milhões e executou 19,73% dos serviços.

Com a existência de prova técnica de que os serviços foram realizados em desconformidade com aquilo que previa os projetos, a Prefeitura pretende agora dar início aos procedimentos para realização de uma nova licitação para demolição da estrutura comprometida e a edificação de um novo prédio naquele terreno.

Embora a Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) já tenha dado início ao processo para construção de uma UBS modular na rua Narcisos com Jardineira, a ideia é que sobre os escombros da antiga UBS São José também seja edificado uma nova unidade básica de Saúde, de modo que o atendimento aos usuários do bairro Campina da Barra seja dividido entre as duas UBSs. Porém, ainda não há um prazo estipulado para que essa nova obra seja iniciada.

Paralelamente a isso, a Secretaria de Saúde deve solicitar à Procuradoria Geral do Município (PGM) que tome as providências jurídicas necessárias para que os responsáveis pela obra mal feita ressarçam os cofres públicos.

Edição n.º 1494.