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É de se supor que nem todos os araucarienses tenham se dado conta do perigo para o exercício pleno da democracia que representa as recentes ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a revista Crusoé e o site O Antagonista.

Determinar a retirada de uma matéria veiculada na rede mundial de computadores é algo muito temerário, ainda mais em tempos que as redes sociais deram vez e voz para milhões e milhões de brasileiros. Hoje, a censura é contra a nova imprensa (já que ambos os veículos não tem lá muito tempo de existência e são publicadas exclusivamente em meio digital). Amanhã pode ser a vez dos veículos de comunicação mais tradicionais e, depois de amanhã, a vítima da censura pode ser você, seu filho, sua mãe… todos nós!

Cada pessoa tem todo o direito de confiar ou não nas notícias que são publicadas, seja em veículos de abrangência nacional ou local, como é o caso de O Po­pular. Temos, inclusive, o direito de questionar e até tentar ridicularizar notícias que julgamos não condi­zer com a realidade. É possível ain­da, dependendo do caso, acionar o próprio Judiciário em busca de eventual dano causado por essa ou aquela notícia.

Ora, prezados leitores, quantas vezes o próprio O Popular foi criticado, virou “meme” por conta de notícias aqui publicadas. E isso porque o noticiado não vinha ao encontro do que acreditava esse ou aquele leitor. Da mesma forma, quantas vezes vemos ataques a grandes veículos de comunicação, como Rede Globo, a revista Veja, a Folha de São Paulo e outros tantos simplesmente porque a linha editorial não é afinada com a crença ou as verdades de determinados leitores.

Essa discordância, esse mau ou bom humor dos leitores ao comentar matérias, essa tentativa dos alcançados pelas notícias em desacreditar o que é noticiado são direitos que só podem ser exer­cidos graças à liberdade de expressão e de imprensa garantidos pela nossa Constituição. E tudo isso fica agora ameaçado pelas ações recentes do STF.

Justamente por isso, O Popular faz questão, dentro de suas limitações como um “grande jornal pequeno de cidade do interior” de registrar neste editorial que, como disse o também ministro Marco Aurélio Mello, vivemos “tempos estranhos”, que nos obrigam a ficar muito atentos ao que acontece em nosso país. E isto vale para todos que querem exercer o direito de dizer o que pensam, seja numa tese de doutorado, num artigo de jornal, numa postagem de Facebook ou mesmo naquele áudio que mandamos no grupo da família no “zap”.

Boa leitura!

Publicado na edição 1159 – 18/04/2019

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