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Na sala, com pouquíssimos alunos, professor depende da tecnologia para transmitir aula. Foto: divulgação
Falta de estrutura para transmissão de aulas online preocupa colégios
Na sala, com pouquíssimos alunos, professor depende da tecnologia para transmitir aula. Foto: divulgação

A pandemia trouxe muitos desafios para a educação, impondo às instituições de ensino, uma série de mudanças e adaptações, em especial, a troca dos quadros e carteiras escolares pelas telas de computadores e celulares. Se por um lado os protocolos de biossegurança (distanciamento de carteiras, dispensers de álcool em gel, demarcações em vários espaços, entre outros) foram todos adotados com tranquilidade, por outro, o retorno em modelo híbrido, parte presencial e parte remoto, tem exigido maior qualidade das conexões de internet.

Na quarta-feira, dia 21 de julho, quando a Secretaria de Estado da Educação anunciou que mais de 90% das escolas estaduais do Paraná retomariam as aulas presenciais, um novo desafio começou a ser traçado pelas unidades educacionais do Município: a falta de estrutura para garantir a transmissão das aulas online. A conexão é péssima, e quando cai, o professor tem que aguardar o retorno do sinal para dar continuidade à aula. Isso sem contar que o educador fica praticamente limitado à frente de uma tela de computador, para que o aluno em casa possa vê-lo e acompanhar o conteúdo.

No Colégio Marilze da Luz Brand, no jardim Fonte Nova, a direção disse que tudo foi preparado de acordo com os protocolos de biossegurança, mas a internet não funciona para a transmissão das aulas ao vivo, devido à instabilidade da conexão. “Os pais estão bem receosos com o retorno, temos poucos alunos que estão vindo às aulas presenciais. A grande maioria optou por continuar no ensino remoto. Os professores estão se adaptando a essa nova realidade, com aulas diferenciadas para retomar os conteúdos que os alunos não aprenderam ou tiveram maior dificuldade enquanto estavam em casa. Nosso laboratório de informática sempre esteve aberto para os alunos que não tinham acesso, com acompanhamento dos pedagogos e isso contribuiu para um retorno tranquilo. Mas o principal problema mesmo é a internet instável. O atendimento aos alunos que optaram em continuar no EAD, ou seja, a maioria, é extremamente prejudicado, uma vez que a transmissão da aula nem sempre ocorre devido à queda de conexão”, argumentou a diretora Glaucia Gomes de Oliveira.

Alessandro Vieira Rosa, diretor do Colégio Agalvira Bittencourt Pinto, no Jardim Industrial, disse que a adesão dos alunos pelo presencial foi baixíssima e que todos estão ainda muito receosos com o retorno. “Pediram pra voltar e nós voltamos. O colégio recebeu os alunos com toda estrutura de biossegurança dentro das normas exigidas, mas sabendo que a qualidade dos equipamentos e da internet disponíveis nesse momento, estão longe do que seria a ideal. Ainda assim, as aulas estão sendo transmitidas”, explicou.

No Colégio Fazenda Velha a situação não é diferente. Apesar de o retorno dos alunos ser tranquilo, com projeto de biossegurança adequado à situação, a falta de estrutura para transmissão das aulas tem sido o grande problema. “Faltam televisores em algumas salas de aulas. O governo ainda não encaminhou para as escolas os equipamentos que havia dito que enviaria. O colégio tem um total de 877 alunos matriculados, desses, 284 retornaram presencialmente. Então, temos um grande número que optou em ficar em casa, e eles precisam receber os conteúdos. A questão é que as aulas online só dão certo quando a Internet e os netbooks funcionam”, explica o diretor Francisco de Assis Teles Maria. Ele destaca ainda a capacidade de adaptação dos professores, que conseguem conviver com todas essas mudanças e dificuldades. “Os professores se adaptam rapidamente às mudanças, e acredito que isso seja inerente do próprio ser humano”, observa.

O diretor do Colégio Julio Szymanski, André Gotfrid, comentou que o retorno está sendo escalonado, todos os professores estão nas salas e as aulas são transmitidas ao vivo. Segundo ele, na primeira semana o retorno foi com poucas turmas, para que o colégio pudesse testar toda rede lógica e os protocolos de segurança. “Iniciamos a ampliação de turmas com aulas presenciais essa semana, e na próxima semana novas turmas iniciam, no sistema híbrido. Na primeira semana os professores e a escola passaram por período de adaptação, onde identificamos algumas falhas, que estão sendo corrigidas. No ensino fundamental a adesão ao retorno tem sido maior. Entendemos que os professores estão enfrentando o desafio com o novo método, ainda não estão totalmente adaptados, mas durante toda a pandemia eles foram desafiados e aprenderam rápido a conviver com a nova realidade. Todos se dedicam para garantir a melhor aula possível”, explicou André.

O que mudou para os alunos

Falta de estrutura para transmissão de aulas online preocupa colégios
Na sala, com pouquíssimos alunos, professor depende da tecnologia para transmitir aula. Foto: divulgação

Se o retorno presencial, dentro das atuais condições, tem sido difícil para os professores, para os alunos, não tem sido diferente. O estudante do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Julio Szymanski, Ismael Mudryk Melo, 17 anos, concorda que o professor está limitado dentro da sala, quando tenta repassar o conteúdo e a conexão da internet cai. “Os notebooks da escola são muito ruins, tem sido complicado esse sistema de aula presencial e transmissão ao vivo pra quem está em casa”, comentou. Segundo o aluno, quando a conexão falha, o professor também perde tempo aguardando o retorno ou verificando se há algum problema nos cabos.

Sobre o aproveitamento em sala de aula ou mesmo em casa, Ismael acredita que não tem sido o ideal. “Estamos em pouquíssimos alunos em sala, às vezes tem cinco ou seis, espalhados nas carteiras distantes, e o professor tem que ficar olhando para duas direções: o computador e a sala, e muitas vezes só quem está na sala interage, na maioria das vezes, quem está em casa não participa muito”, observou. Ismael também criticou a postura da Secretaria de Estado da Educação na preparação dos colégios para o retorno no sistema híbrido. “A SEED fez propaganda algum tempo atrás, falando que teríamos TVs funcionando nas salas e que os professores compartilhariam a tela do notebook, por meio delas, a fim de facilitar a compreensão. Mas não ocorre nada disso, é somente um minúsculo notebook que tem em cada sala”, lamentou.

O aluno Samuel Pereira Barroso, 18 anos, que está no 3º ano do Ensino Médio no Colégio Cecília Meireles, optou em se manter no remoto. Para ele, ainda é cedo para analisar se o retorno no sistema híbrido está dando certo. “Quando a escola estava apenas no remoto, eu estava conseguindo acompanhar bem as aulas de casa, agora que teve o retorno presencial, não consegui analisar muito bem. Isso porque trabalho fora e estou fazendo auto escola no momento, então estou tendo certa dificuldade de assistir online. Mas acredito que os problemas irão aparecer, já que a escola não possui um equipamento adequado para uma transmissão das aulas com qualidade. Os alunos que como eu, optaram em não retornar no presencial, terão certa dificuldade”, comentou.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1272 – 29/07/2021

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