Essencial para a sobrevivência, a nutrição e o desenvolvimento nos primeiros meses de vida e no início da infância, o leite materno é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o “alimento de ouro” para os bebês. Segundo o Ministério da Saúde, a amamentação ajuda a diminuir as taxas de mortalidade infantil, sendo capaz de reduzir em até 13% os índices de mortes de crianças menores de cinco anos. O aleitamento materno também protege a criança de doenças como diarreia, infecções respiratórias e alergias, além de evitar o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta.
O Ministério da Saúde recomenda a amamentação até os 2 anos de idade ou mais e, de forma exclusiva, nos seis primeiros meses de vida, mesmo nas mães que tiveram casos confirmados de Covid-19.
Para conscientizar a população sobre a importância da amamentação, o Agosto Dourado marca a campanha mundial de incentivo ao aleitamento materno.
Anticorpos
E os benefícios do leite materno não param por aí. Recentemente, dois anticorpos específicos contra o novo coronavírus (IgA e o IgG) foram identificados no leite materno produzido por mulheres que receberam a vacina da Covid 19, de acordo com um estudo publicado na revista científica americana “The Journal of the American Medical Association (JAMA)”. Os pesquisadores avaliaram que o leite materno pode ser uma fonte de anticorpos contra o novo coronavírus para os recém-nascidos, embora essa conclusão dependa de novos estudos específicos. O fato é que, de acordo com a pesquisa, os anticorpos encontrados no leite materno dessas mulheres mostraram fortes efeitos neutralizantes, sugerindo um potencial efeito protetor contra infecção em bebês.
Ao comentar sobre a pesquisa, a médica pediatra e membra da Sociedade Brasileira de Pediatria, Patrícia Beleski Carvalho de Oliveira, que atua na Clínica São Vicente, explica que uma das funções do leite materno, dentre as inúmeras, é a imunização passiva, ou seja, fornece anticorpos maternos ao bebê, por isso é tão importante que a mamãe esteja com o calendário vacinal em dia, para promover a proteção da criança. “A Covid 19 é uma doença nova e ainda temos muitas dúvidas, mas a proteção de um ser indefeso como o recém nascido contra a doença é muito importante, e através do aleitamento a mamãe consegue passar os anticorpos ao bebê. Ressalto ainda que a Sociedade Brasileira de Pediatria incentiva a vacinação das puérperas”, disse a médica.
Dois tipos de anticorpos
A pesquisa investigou dois anticorpos: o IgA e o IgM. Os anticorpos são proteínas do sistema imune e são uma das frentes de defesa do corpo contra doenças. Existem diferenças entre os anticorpos: o IgA, no geral, protege contra infecções de membranas mucosas presentes na boca, vias aéreas e aparelho digestivo. Já o IgG é o principal anticorpo presente no sangue e age dentro dos tecidos para combater infecções.
Ainda assim, os pesquisadores apontam que o estudo tem limitações e não permite concluir que bebês estão protegidos contra a Covid por terem recebido anticorpos no leite materno. Eles afirmam que não realizaram “nenhum ensaio funcional” para testar a possibilidade, embora estudos anteriores já tenham mostrado capacidade de neutralização dos mesmos anticorpos.
Texto: Maurenn Bernardo
Publicado na edição 1274 – 12/08/2021