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Professores que não voltaram realizam meet inverso, diretamente de suas casas. Foto: Marco Charneski
Colégio Szymanski se adaptou bem à nova realidade do ensino híbrido
Professores que não voltaram realizam meet inverso, diretamente de suas casas. Foto: Marco Charneski

O Colégio Estadual Professor Júlio Szymanski, localizado no centro de Araucária, é o que podemos dizer, um bom exemplo de que com esforço e vontade, é possível se fazer um bom trabalho, mesmo em meio às limitações. Lá atrás, a instituição fez uma tentativa de retorno das aulas presenciais, com um número reduzido de alunos, porém a experiência não deu certo. No último dia 22 de julho, a retomada aconteceu novamente, dessa vez por determinação do governo do estado, e dessa vez, as coisas fluíram. O diretor Andre Gotfrid, que está no comando do colégio há seis anos, conta que o começo foi com um número reduzido de alunos, turmas menores, até o dia 26 houve uma pequena ampliação, e desde o dia 9 de agosto, o Szymanski está com 100% das turmas funcionando. “Atendemos do 6° ano até o 3° ano do ensino médio e todas nossas turmas já retornaram, não com todos os alunos, é claro, mesmo porque não tem vagas para isso, então fizemos escalas”, explicou o diretor.

Nem todos os professores também puderam retornar. Aqueles com mais de 60 anos e os que estão em grupos de risco ainda aguardam a segunda dose da vacina em casa. “Eles trabalham de casa, fazem meet. Temos cinco professores dando aulas de casa, isso num universo de quase 100 professores. É um número bacana. Dois já retornam na última segunda-feira”, disse o diretor.

Adesão total

Com relação às medidas de biossegurança, o Colégio Szymanski também tem apresentado bons resultados, com o distanciamento das mesas nas salas, uso obrigatório de máscaras de proteção e álcool em gel. “O refeitório foi o que mais mudou, colocamos carteiras individuais. Até tentamos usar as mesas antigas, mas os alunos acabam se aproximando demais. Na entrada e na saída os dois portões abrem, e leva cerca de cinco minutos para a escola toda sair. Sai um grupo antes, depois sai outro grupo, avisamos os pais sobre isso”, destacou Andre.

Sobre a receptividade dos pais, o diretor contou que, assim como os filhos, eles estavam ansiosos para o retorno. Os pais que tem dúvidas ou medo, não mandaram seus filhos, mas por enquanto prevalece a vontade da família. “A gente está aqui para atender estes alunos que querem voltar, esse aluno que não quer voltar não precisa, pode ser que mude alguma coisa, mas por ora continua assim. O importante é que os alunos que voltaram se adequaram rapidamente, então acho que está tranquilo nesse sentido. Conversamos com eles nos primeiros dias e não tivemos problemas. Por exemplo, não temos nenhum aluno que se recusou a usar a máscara. No começo os menores queriam brincar, correr, fazer grupinho, se juntar, então os funcionários do pátio tiveram que impedir isso e orientá-los. Nos intervalos os funcionários ficam monitorando as crianças e jovens no pátio, mas eles estão bem tranquilos, se enquadraram direitinho às novas regras. Nos dois primeiros dias eles questionaram algumas coisas, porque queriam jogar bola, futebol, voleibol, mas explicamos que se trata de um material compartilhado e isso não pode. A disciplina de Educação Física ficou muito prejudicada por conta disso”, comentou o diretor.

Transmissão das aulas

Colégio Szymanski se adaptou bem à nova realidade do ensino híbrido
Com 100% das turmas retomadas, o colégio tem conseguido contornar os problemas com transmissão das aulas. Foto: Marco Charneski

Um dos maiores problemas enfrentados pelas escolas com o ensino híbrido está na transmissão das aulas. Este é mais um ponto favorável para o Colégio Szymanski. Não que o sistema seja um modelo, mas segundo o diretor Andre, as quedas são esporádicas. “Não aconteceu de termos que dispensar aulas devido às quedas da internet, os casos são bem pontuais. Temos um funcionário que é um pouco de técnico e auxilia a gente nisso. Ele é um funcionário antigo daqui e determinamos que ele fique disponível para nos dar esse suporte. Tivemos sorte nesse quesito, conseguimos organizar o horário dele para que possa atender os três turnos, principalmente no início das aulas, que é onde os professores precisam de mais ajuda. Às vezes nem é tanto a internet, é uma questão de conhecimento, de vivência com a tecnologia mesmo, coisas que podem ser resolvidas rapidamente”.

Andre frisou que quando a conexão cai, os professores em sala não interrompem a aula. Só param se for uma situação que não dá mesmo para resolver. “Temos aqui no colégio uma internet direcionada da Copel, especialmente para as escolas, ela tem um alcance melhor, foi adquirida com esse propósito. O fato é que mesmo assim, os professores enfrentam alguns problemas com a transmissão das aulas. Mas ainda estamos em fase de adaptação, são muitas mudanças repentinas na maneira de dar aula, e isso tem exigido um esforço muito grande dos nossos profissionais.”, esclareceu.

Transmissão

Embora os protocolos de biossegurança e os transtornos com as quedas na internet sejam problemas passíveis de resolver, a mescla entre o ensino remoto e presencial tem sido um grande desafio para os professores, que acabam sendo alvo de críticas por parte dos alunos. “O aluno que está em casa reclama bastante, porque às vezes ele acha que não está ganhando a atenção, reclama do volume e de outras coisas. Essa é uma das principais dificuldades. O professor tem que dar aula para quem está em casa e para quem está aqui, então tudo que ele projeta para quem está em casa, tem que projetar para quem está na sala. Nós não temos Smart TV em todas as salas, não temos projetor, então precisamos fazer vários ajustes. Uma professora até doou uma TV, eu trouxe uma e aí a gente usou os data shows que tínhamos nas salas para conseguir atender, e mesmo assim algumas salas ficaram com aquelas TVs laranjas antigas. São 27 salas de aula, muita coisa, por isso o sistema não funciona 100%”, comparou o diretor.

Em meio a esse dilema, ainda existem os alunos que só estão recebendo materiais impressos. São três grupos de alunos que têm que ser atendidos e isso sobrecarrega bastante a equipe. “A gente tem que organizar o material para esse aluno que está em casa, organizar o material do aluno que está aqui na escola e ainda organizar a aula daquele que só está recebendo impresso, são três maneiras diferentes de atendimento. As escolas também tiveram liberdade para escolher a questão das provas. Como a gente foi pego na metade de um semestre, decidimos não mudar o sistema de avaliação que estava no caminho. Para esse trimestre, os professores continuam fazendo as provas no google class room, mesmo para o aluno que está vindo para a aula. Decidimos assim porque quando eles voltaram lá no dia 22 de julho, as avaliações já estavam em andamento, para o próximo trimestre vamos repensar o que fazer”.

“Algo interessante que merece ser mencionado é que temos aqui um funcionário que gosta muito de fazer vídeos no Facebook e ele fez algumas gravações com o celular e editou em casa. Fez até uma música, o inspetor da escola. Foi bem bacana. A ideia foi reforçar as regras de biossegurança e demonstrar também que a gente estava trabalhando aqui”, pontuou Andre. O vídeo está disponível no Facebook do Colégio Szymanski.

Alunos dividem opiniões sobre o sistema híbrido

A estudante Alana Emanuely Albertasse Reis, 16 anos, que cursa o 2º ano do ensino médio normal, optou em voltar no presencial, já que assim consegue tirar dúvidas com os professores. “Somente no EAD estava bem difícil, porque nem tudo a gente conseguia assimilar sem uma ajudinha do professor”, comentou.

João Vitor Bachini de Oliveira, 16 anos, aluno do 3° ano do Técnico em Administração, preferiu seguir no ensino remoto. “Na minha opinião a abordagem dos conteúdos está sendo feita de forma proveitosa. O colégio e os professores conseguiram se adaptar ao ensino híbrido e conseguem passar os conteúdos para os estudantes presenciais e remotos, além de prover uma estrutura segura para os alunos que estão na escola. Ao todo, esta abordagem vem demonstrando bons resultados”, disse o estudante.

Texto: Maurenn Bernardo com colaboração de Katty Ferreira

Publicado na edição 1275 – 19/08/2021

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