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Profissionais se dividem entre a vontade de retornar e permanecer em home office
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Se de um lado estão os trabalhadores que ficaram felizes em retomar o trabalho presencial, do outro estão os que irão se manter no home office. Nathalia Sandin, 21 anos, que trabalha na Gas Rocket Comunicação, está trabalhando em casa há um ano e seis meses, desde que a pandemia iniciou. Essa mudança, segundo ela, não foi tão simples. “Tive que me readaptar à minha casa, é um tipo de convivência diferente. Mudamos o pacote de internet e fizemos outras adaptações. Agora já está mais tranquilo, todos se adaptaram ao novo ritmo”, avaliou.

O home office exigiu algumas mudanças de rotina na vida da Nathalia. “O ritmo muda, então a gente acaba tendo que aprender como fazer as coisas de um jeito novo, como se fosse primeiro dia de trabalho. A grande diferença é no quesito sono, acredito que a falta de sair de um ambiente e bater cartão dificulta o cérebro a entender que tá na hora de descansar, comer e assim por diante”, disse a jovem.

Outro ponto que pesou na mudança repentina para o home office foi a questão da produtividade. “Sempre trabalhei presencialmente, e a casa era sinônimo de descanso, e isso teve que mudar, afetando minha produtividade no início, mas depois dos primeiros meses, consegui estabelecer uma dinâmica melhor. Hoje consigo conciliar trabalho com hora de descanso. Nos primeiros meses foi difícil e até batia uma culpa por não estar trabalhando, sabendo que o notebook estava ali, a poucos metros de distância, ainda mais que minha área recebeu um aumento excessivo de demanda devido à pandemia. Mas como a empresa que eu trabalho valoriza muito as pausas e descansos, foi mais tranquilo. Por exemplo: uma vez por mês temos uma sexta-feira de folga, mesmo tendo feriados ao longo do período, para que a equipe não fique sobrecarregada com a demanda. Como somos incentivados a cuidar da saúde nesse sentido, agora ficou mais fácil descansar”, comentou.

Nathalia afirmou que se tivesse que retornar no presencial, sua principal dificuldade seria a convivência coletiva. “Na minha empresa a maioria dos contratos de funcionários foram feitos à distância, então não estamos mais acostumados a estar em um ambiente cheio, em formato de escritório, provavelmente essa seria a maior dificuldade, de novo teríamos que reaprender como se fosse o primeiro dia em um novo emprego. O que eu sinto falta da empresa é essa diferenciação entre ambientes, além da interação com outras pessoas, das conversas e dos cafezinhos”, disse.
Mistura de espaços

A professora Karina Bortoleto Derevecki, 29 anos, que dá aulas na Escola Municipal Archelau de Almeida Torres, retornou ao trabalho presencial recentemente, porém no modelo híbrido, com parte no remoto. Ela sentiu muita falta do contato com os alunos, já que no seu entender, estudou e se preparou para estar em uma sala de aula, ensinando. “No dia 14 de setembro, quando retornei, estava muito animada. Senti muita falta do ambiente escolar, e permanecer no ensino remoto foi muito difícil. De repente fomos obrigados a trabalhar em casa, ficamos sobrecarregados, era um acúmulo de tarefas, aulas para preparar, alunos para orientar mesmo à distância e tivemos que nos adaptar muito rapidamente. Sentimos a dificuldade de ter que ensinar os pais a ensinarem os seus filhos, e nem todos reconheciam nosso trabalho, muitas vezes chegamos a ser maltratados. Eu não via progresso nos meus alunos e fui perdendo a vontade de trabalhar, isso abalou meu emocional. Minha casa virou meu ambiente de trabalho e eu já não conseguia separar as tarefas da escola com as tarefas domésticas. Foi tudo muito complicado”, relata Karina.

Ela lembra que em certas ocasiões estava em uma simples tarefa de lavar a louça e de repente parava porque tinha tido uma ideia para o planejamento da aula. “Não havia horário definido para mais nada, e na escola você tem teu horário de planejamento de aulas e quando chega em casa, se desliga de tudo e descansa. No home office as coisas se confundiam. Foram momentos frustrantes. Eu tive dificuldades com meus alunos porque não conseguia ver outra forma de ensinar que não fosse através de vídeos, percebia que só assim o aproveitamento deles era muito maior. Enfim, chegou o momento em que percebi que eu não estava mais rendendo nem com as atividades de casa e nem com as atividades da escola. Por várias vezes eu quis sair da minha própria casa para poder descansar”, lamentou a professora.

Com a retomada das aulas presenciais e do convívio com alunos e colegas de trabalho, Karina acredita que seu desempenho tende a melhorar muito e que ela volte a sentir prazer na profissão. “Senti falta desse convívio, um ajudando o outro, incentivando nas horas difíceis. Essa disputa saudável deixa a gente feliz”, disse.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1280 – 23/09/2021

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