Diariamente somos movidos por perguntas que fazem parte do nosso cenário de vida. Afinal: quem sou eu? De onde vim? Para onde vou? Talvez, muitos passem ao largo, não permitindo que elas ocupem o espaço em suas mentes, por medo das respostas nem sempre de acordo com a sua consciência. Preferem então ignorar, ocultar, abafar, não se permitindo um confronto com a realidade. É melhor, mais cômodo se distanciar de si mesmo, e, diante das constantes interrogações que a vida lhe faz, culpar os outros, as circunstâncias, para seus fracassos, suas desilusões e seus problemas mal resolvidos.
Cada ser humano é único, com uma identidade própria, que o torna diferente do outro. A diferença, longe de ser um problema, é, na verdade, possibilidade de crescimento. Ser diferente não é ameaça, ou em casos extremos, motivo de extermínio, como se a destruição do outro abrisse espaço para a minha liberdade pessoal. Na medida em que cada um assume aquilo que é, vê no outro um companheiro de caminhada, alguém que vem para agregar conhecimento e ampliar os horizontes. Na medida em que cada um se descobre, e vai se conhecendo na sua individualidade, fazendo aflorar seus dons, valores, talentos, e coloca-os a serviço da humanidade, realiza a sua missão. Não vê o outro como um concorrente a quem eliminar, mas um irmão, com o qual pode construir um mundo melhor.
Temos histórias diferentes, que marcaram nossa vida, nosso jeito de ser e de se comportar. O meio ambiente vai influenciando o nosso caráter, mas não determina aquilo que somos. O que somos é inerente a nós mesmos, é genético, faz parte da nossa estrutura e dinâmica comportamental. O meio social pode nos permitir o desenvolvimento dessas potencialidades, ou então, abafar e não permitir que sejamos aquilo que recebemos como dom gratuito do Pai. O ambiente social não determina o nosso caráter, embora possa influenciar para o bem ou para o mal. Muitos ambientes são tóxicos, porque movidos apenas pelo negativismo, pelos problemas, pelas dúvidas a respeito do ser humano. Eles abafam aquilo que está desde sempre implícito na sua genética. Outros abrem espaços para que o ser humano possa simplesmente viver e desabrochar suas qualidades e potencialidades. O seu papel é simplesmente de criar um clima onde cada um possa ser aquilo que é na sua essência. Sinceramente, faltam-nos ambientes humanos e positivos.
Tudo isso nos direciona para aquilo que dá sentido à nossa existência. Afinal, qual é a razão da minha passagem por este mundo? Para onde estou direcionando minhas forças e minhas energias? Faço a diferença ali onde me encontro, com o meu jeito de ser que é único e irrepetível, com minhas ideias, meus sonhos e projetos? A vida me pergunta diariamente: o que estou fazendo para deixar marcas na história? Creio firmemente que quando vivemos a partir dos nossos sonhos e projetos, vamos deixando o mundo melhor ao nosso redor. Espero que no final de nossa vida possamos dizer: o mundo já não é mais o mesmo, pois eu passei por ele. Cada vida é uma possibilidade de um planeta mais humano, mais irmão, mais habitável, criando condições dignas para as futuras gerações.
Viver não é simplesmente passar por esse planeta, como se a minha vida não fizesse nenhuma diferença. Viver é passar por esta terra, dando um toque único, pessoal, que brota do interior, e que se manifesta através de palavras, gestos, que acrescentam e agregam na construção de um mundo melhor. Faça a diferença e tudo será bem melhor.
Publicado na edição 1238 – 12/11/2020