Nas férias escolares, o cuidado com as crianças em casa deve ser redobrado, principalmente porque as mortes por acidentes costumam acontecer nesse período. A maioria poderia ser evitada com medidas simples de prevenção. Embora muitos pais subestimem os perigos que existem dentro das suas casas, eles existem e colocam em risco a segurança das crianças, especialmente quando elas são muito ativas e curiosas.

Entre os cômodos que representam maior perigo está a cozinha, com riscos de queda por conta do piso, queimaduras ao mexer no fogão, intoxicação por ingestão de produtos de limpeza, choque elétrico em tomadas e fios desencapados, engasgos por engolir itens pequenos e afogamentos em baldes e pias.

Gabriel Prado, especialista em Saúde e Segurança do Trabalhador e também especialista em atendimento pré-hospitalar e prevenção de incêndios, afirma que nas férias as crianças querem aproveitar seu tempo em casa com os pais, irmãos e amigos. Por isso, os adultos responsáveis devem estar atentos a acidentes que podem acontecer nessa temporada.

Segundo ele, os principais acidentes, de acordo com o Ministério da Saúde, são quedas, queimaduras, afogamentos, intoxicações. O Hospital Pequeno Príncipe acrescenta a essa lista ferimentos cortantes e objetos engolidos. Quedas de altura e de bicicleta também são comuns entre as crianças maiores que gostam de se aventurar em sua ilimitada imaginação.

“Sempre que o acidente acontecer, o adulto deve imediatamente verificar o bem estar da criança, checando pontos de dor e regiões em que ela tenha batido no chão durante a queda. Observar se a criança consegue movimentar membros e pescoço. Quando o trauma for maior e a criança estiver desacordada, a principal conduta deve ser checar pulsação, respiração e verificar se há sangramentos, nesse caso, sempre acionar o serviço de urgência imediatamente (Bombeiros/SIATE 193 ou SAMU 192)”, orienta Gabriel.

Ele lembra ainda que embora estejamos no inverno, tem feito dias quentes, e nesse período, os acidentes mais comuns com crianças são os afogamentos e queimaduras. “Onde tem piscina ou mar, deve ter uma criança querendo brincar e obrigatoriamente um adulto pra observar. Ao sol, as queimaduras resultam na pele vermelha dos pequenos, e o protetor solar deve ser reforçado sempre após um banho de mar ou piscina”, ilustra.

Gabriel salienta que em casa, a imaginação toma conta e todos os cantos são mágicos, o alcance aos produtos de limpeza e medicamentos são os principais fatores de intoxicação. “Caso esse acidente aconteça em sua casa, lembre-se de levar o produto ou medicamento que foi ingerido ao serviço de urgência. É de extrema importância a avaliação de um profissional de saúde nesses casos, mesmo quando a criança não apresenta nenhum sinal logo após a ingestão”, reforça.

Na confecção de lindos quadros, Gabriel lembra que a presença de tesouras e palitos pode ser motivo de acidente com cortes e perfurações. Facas e vidros também podem representar perigo. “Os pais devem lembrar ainda que os cantos de móveis e objetos pontiagudos devem estar protegidos ou fora do alcance dos pequenos. Na presença de corte, é preciso fazer compressão com pano limpo e seco. Se o sangramento não for contido, procurar serviço de atendimento de saúde”.

Algumas crianças mais aventureiras podem ter acidentes com animais peçonhentos e mordedura de animais, nesse caso, o especialista indica sempre higienizar o local e procurar atendimento de saúde para prosseguir com as medidas necessárias, como vacinas e soros.

Dicas para uma casa segura

Algumas dicas podem ajudar os pais a protegerem seus filhos de acidentes, e a principal delas é preparar a casa e torná-la um ambiente mais seguro para a criança. Por exemplo, colocar um portão para evitar o acesso da criança à cozinha, usar as bocas da parte de trás do fogão e não deixar os cabos das panelas para fora, evitar o uso de toalhas nas mesas, colocar travas de segurança em gavetas e armários, deixar equipamentos elétricos fora do alcance dos pequenos, guardar produtos químicos e remédios sempre no alto e com armários trancados, proteger tomadas e quinas de móveis e mesas, colocar grades ou telas de proteção nas janelas e não deixar baldes e bacias com água ao alcance das crianças.

Edição n.º 1423