O povo de Israel esperava ansiosamente pela vinda do Salvador. Mas imaginava que ele fosse um rei poderoso, um guerreiro, que viesse trazer novos tempos e o domínio sobre todos os povos. E ele veio, mas de forma muito simples e humilde, nasceu numa manjedoura, longe de todos os holofotes e palácios dos poderosos. Cresceu na simplicidade de Nazaré, provavelmente ajudando seu pai no seu trabalho diário, vivendo uma vida muito pobre. Até que um dia, depois do seu batismo, foi manifestado para o mundo como o Messias, o Enviado. E ele iniciou então a sua pregação, às margens da Galiléia, juntamente com doze apóstolos que ele escolheu, para aprenderem dele o que significa o Reino de Deus, ensinando-os através de palavras, de gestos e de ações. Depois de três anos, evangelizando, levando a boa nova àqueles povos sofridos, galileus esquecidos e abandonados pelos grandes deste mundo, foi morto, ressuscitou e deixou seu Espírito que permanece entre nós.
Desde o início, os seus seguidores começaram a se reunir em comunidade, para recordar, reviver e celebrar aquilo que ele ensinou. Rezavam e partilhavam o pão e liam e refletiam a Palavra de Deus, viviam como irmãos, em torno da eucaristia. Nasce assim a Igreja, ‘ecclesia’, comunidade, que se ajudavam, e não havia necessitados entre eles. O cristianismo se fundamenta na vivência comunitária, por isso, ninguém pode ser chamado de cristão se não participa da vida de comunidade. O batismo torna a pessoa Filha de Deus e a introduz na comunidade de fé, onde ela vive o seu compromisso de batizado.
Mais tarde, em torno do ano 350d.C, a Igreja começa a celebrar o Natal, o nascimento de Jesus. Na verdade, ninguém sabe ao certo o dia em que ele nasceu. Mas porque então se celebra no dia 25 de dezembro? Os povos pagãos no Ocidente celebravam neste dia a festa do deus Sol havia muito tempo. Os cristãos, já em número maior do que os pagãos vêem naquele deus Sol o próprio Jesus, que veio para brilhar e iluminar a humanidade com a sua vida e pregação. Ele é a luz do mundo, ele é o Deus verdadeiro, que veio, com sua vida, trazer à luz para a humanidade. Começam então se reunir neste dia, para celebrar o nascimento do Menino Deus. No Oriente, a festa do deus Sol se celebrava no dia 06 de janeiro. Por isso, até hoje, o natal se comemora neste dia.
Em torno do ano 600 d.C, os cristãos começam a se perguntar sobre a importância deste acontecimento e da necessidade de bem preparar-se para receber novamente o salvador da humanidade. Nasce então o Advento, que significava para os pagãos, a espera da vinda do rei na cidade. Para acolhê-lo, fazia-se uma grande festa. Novamente, para os cristãos este rei não é humano, mas é o próprio Deus, que viveu entre nós. Então, para acolhê-lo de modo digno, nasce o Advento, ou seja, quatro semanas que antecedem o natal, com preparação religiosa. E por fim, já nos tempos mais atuais, surge a Coroa do Advento, com quatro velas que simbolizam as quatro semanas de preparação para a vinda do Senhor.
Advento é então este tempo de espera, mas não uma espera passiva e acomodada, mas alegre, vibrante, num clima de festa, mas de festa espiritual. O Salvador quer nascer todos os anos em nosso coração, em nossas famílias, em nossas comunidades, em nossa sociedade. Mas para esperá-lo, deve-se preparar o interior, num espírito de oração, de conversão, de mudança. Não é uma festa material, feita de presentes de caráter físico, mas sim, uma festa espiritual, que transforma o nosso coração. Feliz e abençoado tempo de Advento para todos.
Publicado na edição 1240 – 26/11/2020