No próximo sábado, 21 de setembro, é o Dia Mundial da Doença de Alzheimer e Dia Nacional de Conscientização da Doença, duas campanhas que visam aumentar o conhecimento e a compreensão em torno do tema e desafiar o estigma que cerca a demência. Todas as pessoas podem se envolver nessa ação, principalmente discutindo a demência com a família, amigos e colegas.
No Brasil, estima-se que existam 1,2 milhão casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico e, no mundo, cerca de 35,6 milhões de pessoas são diagnosticadas com a doença de Alzheimer.
Segundo o médico neurologista Hudson Fameli, da Clínica São Vicente, o Alzheimer é uma doença neurodegenerativa caracterizada por declínio cognitivo progressivo e tem um substrato farmacológico, substrato anátomo patológico caracterizado por depósito de proteínas beta-amiloide, que leva a perda dos neurônios. Ele completa que ocorre uma morte de vários neurônios de tal modo que o cérebro vai perdendo a função inicialmente de memória, depois de orientação, de raciocínio, de todas as funções cognitivas.
“Isso não quer dizer que se alguém na família teve Alzheimer, você também terá. Existem algumas formas que são hereditárias, mas é uma minoria, menos de 10%, porque a maioria é uma forma de doença neurodegenerativa mesmo, do envelhecimento. Mais de 30% da população acima de 70 anos tem Alzheimer, é uma característica do envelhecimento, não significa que seja hereditário. Existem formas de Alzheimer precoce, em pessoas com menos de 50 anos, que são hereditárias, mas são raras”, explica.
Demência ou Alzheimer?
O neurologista afirma que demência e Alzheimer não são a mesma doença. O Alzheimer é a doença neurogenativa e a demência é a expressão de um Alzheimer avançado. Hoje em dia sabe-se que pessoas assintomáticas tem doença de Alzheimer através de exames de sangue, onde você consegue detectar isso, mas não tem a demência. “Para nós médicos esse é um dilema ético: você descobrir que o paciente tem doença de Alzheimer e ainda não tem a demência, apenas problemas de memórias leves ou então está assintomática, e mesmo assim tem Alzheimer. É sempre um problema preparar um indivíduo que está assintomático ou tem apenas problemas leves de memória, para viver o resto da vida dele com esse diagnóstico sombrio de Alzheimer”, diz o médico.
A boa notícia é que existem maneiras de prevenir o Alzheimer. “Temos a dieta mediterrânea, cuidar bem dos problemas de saúde como pressão alta, diabetes, colesterol, levar uma vida saudável, não beber, não fumar, praticar atividade física, exercitar o cérebro sendo uma pessoa estudiosa, com leitura, tendo uma vida social farta, tratando doenças psiquiátricas como depressão, não usando medicações como o Rivotril, por exemplo, que pode provocar demência. O Alzheimer é uma consequência de anos de maus cuidados com a saúde, e a pessoa que não se cuida bem, tem mais chance de desenvolver a doença”, declara o Dr Hudson.
Ele lembra que ainda existe muito estigma em torno do tema, muita desinformação acerca dos pacientes que têm Alzheimer, porque a primeira atitude das famílias, muitas vezes, é colocar o familiar em um asilo, e isso talvez não seja o mais adequado. “Se não for um asilo que estimule o paciente, com atendimento multidisciplinar, pode ser complicado, porque deixá-lo isolado socialmente pode piorar a doença. Além disso, as pessoas costumam procurar o médico neurologista muito tarde, numa fase mais avançada da doença. Isso gera prejuízo terapêutico, porque o tratamento é tardio. Os primeiros sinais são o déficit de memória, principalmente a memória recente, que é aquela memória que dura alguns minutos, às vezes transtornos de humor, como depressão, alterações de conduta, falta de sono, mas principalmente problemas de memória e alterações comportamentais”, cita.
Retardando o avanço
Para retardar o avanço do Alzheimer, existem terapias experimentais que estão sendo testadas em indivíduos que tem o diagnóstico, mas ainda estão assintomáticos. “A esperança é de que no futuro essas terapias funcionem, mas até o momento não existe uma cura para a doença. Algumas medicações, como os inibidores da colinesterase, a memantina, diminuem a progressão da doença, mas não curam”, afirma.
São três as fases de evolução do Alzheimer. Na fase 1 a demência é leve, na fase 2 é moderada e na fase 3 avançada. Na fase 1, o paciente ainda conversa, interage com a família e tem problemas de memória recente. Na fase 2, ele começa a ter prejuízo na vida cotidiana de tal forma que começa a ficar dependente. E na fase 3 ele é totalmente dependente, fica acamado, dependente de pessoas para alimentá-lo e cuidar da sua higiene pessoal.
O tratamento em pacientes com Alzheimer deve ser multidisciplinar, envolvendo fonoaudiólogo, psicoterapeuta, terapeuta ocupacional, neurologista. “Indicamos algumas medicações que podem ajudar e ainda a dieta mediterrânea, que pode ser utilizada mesmo tardiamente. Além de ajudar a prevenir o Alzheimer, a dieta ajuda no controle da demência. Em resumo, o Alzheimer, apesar de ainda ser uma doença incurável, pode ser tratado com medidas terapêuticas adequadas, para dar qualidade de vida aos pacientes e seus familiares”, reforça o neurologista.
O neurologista comenta ainda sobre o uso de canabidiol, que embora não tenha comprovação científica para o Alzheimer, observa-se que em alguns pacientes tem apresentado bons resultados do ponto de vista comportamental. “Os pacientes ficam mais calmos, não ficam tão agitados”, ressalta.
Serviço
Para agendar uma consulta com o neurologista Hudson Fameli ou demais especialistas da Clínica São Vicente, entre em contato pelo telefone (41) 3552-4000 ou WhatsApp (41) 98780-1440.
Edição n.º 1433.