O leite materno é considerado o alimento mais completo para os primeiros meses de vida do bebê. É nele que estão contidas todas as proteínas, vitaminas, gorduras, água e os nutrientes necessários para o saudável desenvolvimento dos bebês. A amamentação é tão importante que tem uma campanha específica de incentivo às mamães, que acontece todos os anos, o Agosto Dourado. Criada em 1992 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a campanha utiliza a cor dourada pelo fato de estar relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. No Brasil, o Ministério da Saúde (MS) também escolheu agosto como Mês do Aleitamento Materno.
Apesar dos inúmeros benefícios do aleitamento materno, segundo a OMS, apenas 39% dos bebês brasileiros são amamentados com exclusividade até os cinco meses de vida. Nesse contexto, é preciso lembrar que o ato de amamentar é desafiador para a grande maioria das mulheres e tem impacto importante na saúde mental da mãe.
A psicóloga Fabíola Karas, diz que amamentar é uma decisão importante na vida da mulher, pois exige de cada uma delas muita doação, resiliência, paciência, insistência e, acima de tudo, é um ato de amor, que está diretamente relacionado com a saúde física e emocional da mãe e do bebê. “O vínculo psicológico estabelecido entre a mãe e o bebê faz com que a criança sinta-se segura, acolhida, e a mãe sinta-se plena e feliz, sabendo que está conseguindo estabelecer esta relação com seu filho, não somente de afetividade, mas também de saúde e prevenção”, explica.
A psicóloga lembra, ainda, que amamentar é considerada a melhor forma de alimentar o bebê, porém algumas situações podem impedir que a mãe realize este processo tão importante (mãe tomar medicamentos que prejudiquem o bebê, a mãe estar em tratamentos radioterápicos/quimioterápicos, o bebê ter alguma doença metabólica, a mãe estar com quadro de depressão pós-parto fazendo uso de medicação), entre outros.
“É importante ressaltar que antes de cuidar do bebê, a mãe precisa estar saudável, emocionalmente estável, para entregar-se, acolher e transmitir afeto. Amamentar causa uma grande transformação na vida da mulher, é essencial que a família, amigos, acolham e auxiliem neste processo. Poderão ocorrer dificuldades reais (físicas e emocionais) em amamentar. Ao serem identificadas algumas destas dificuldades, o auxílio de profissionais especializados (médico, psicólogo), deve ser buscado”, orienta Fabíola.
Vivência
A psicóloga também falou da sua própria experiência com a amamentação, que iniciou antes de mesmo de ela ser mãe. Fabíola fez seu estágio de Psicologia Clínica em um Programa de Aleitamento Materno (PROAMA), desenvolvido através da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Neste programa, as mães são orientadas para a amamentação e auxiliadas nas dificuldades de aleitar seus bebês. Enquanto acadêmica de Psicologia, ela acompanhava todo o processo de orientação e auxílio às mães, em aspectos relacionados ao desenvolvimento emocional e vínculos estabelecidos entre mãe e bebê.
“Quando me tornei mãe, amamentei meus filhos (Júlia hoje com 20 anos e Francisco com 9 anos). Minha decisão foi um ato de amor e dedicação, enfrentei alguns desafios, como toda mãe, e foi uma experiência que trouxe muita dedicação, compreensão, uma relação de amor incondicional. E sempre tinha no meu coração uma frase que resume todo esse momento na vida da mulher: ‘Quando nasce um bebê, nasce uma mãe!’”.
UBS’s oferecem suporte às mães com problemas para amamentar
Para ajudar as mamães a superarem as dificuldades que surgem durante o processo de amamentação, as Unidades Básicas de Saúde (UBS´s) de Araucária contam com equipes multidisciplinares que desempenham um papel importante nesse sentido, independentemente da campanha Agosto Dourado. Os atendimentos ocorrem de forma individual, focando nas dificuldades apresentadas pelas mães, após o parto. Também são realizados grupos durante a gestação, com orientações, através de palestras voltadas para a amamentação.
“Quando uma mulher começa a amamentar, pode desenvolver fissuras nos seios, sangramento e muita dor. Além disso, existem outros problemas como leite empedrado, mastite e alguns mitos como, por exemplo, de que tem pouco leite ou leite fraco. Apesar de ser algo fisiológico e natural, o processo de amamentar precisa ser aprendido e ensinado, justamente para evitar esses mitos e problemas e tornar mais fácil o aleitamento materno. O bebê precisa ser posicionado corretamente, além disso, ele precisa fazer a “pega” correta. E é no sentido de colaborar com esse processo, que as equipes multiprofissionais das UBS’s estão à disposição para ajudar”, explica a Secretaria Municipal de Saúde.
Anda de acordo com a Saúde, esse auxílio pode começar durante o pré-natal e continuar quando nasce o bebê. Qualquer mamãe que precise de ajuda pode procurar a sua Unidade de Saúde para receber esse suporte.
Texto: Maurenn Bernardo