Jesus deixa Nazaré, sua cidade, onde viveu até os 30 anos e se muda para Cafarnaum, às margens do mar da Galileia. Ali ele começa a pregar a boa nova do Reino, com muito entusiasmo, chamando 12 homens, denominados apóstolos, para estarem com ele e aprenderem na sua escola. O seu jeito de falar, de acolher, de receber as pessoas, sobretudo, aqueles mais abandonados da sociedade, mexe com a estrutura vigente. Alguns, inclusive, se escandalizam com ele, porque visita os pecadores, come com os publicanos, toca nas pessoas contaminadas pela doença, enfim, dá uma atenção toda especial aos enfermos e sofredores. Inclusive, seus familiares, chegam a ponto de pensar que ele está fora de si e vêm até Nazaré para repreendê-lo por aquilo que está fazendo.
Quando alguém comunica a Jesus que sua mãe e seus irmãos vieram para visitá-lo, ele pergunta: ‘quem é minha mãe e meus irmãos?’ E responde dizendo que é todo aquele que faz a vontade do Pai. Ali, Jesus começa a criar uma nova família, daqueles que o seguem, buscando em tudo seguir os desígnios de Deus. A família de sangue não perde a sua importância, a sua centralidade, mas, com ele, nasce a família daqueles que buscam viver a mesma proposta de vida, baseada nos valores do Reino. E, para isso, vivem em comunidade, partilhando seu tempo, suas ideias, e, até o seu próprio ganho. Partilha de tudo aquilo que faz parte integrante do dia a dia.
Os apóstolos, seguindo as orientações do Mestre, saem pelo mundo, formando verdadeiras comunidades, baseadas na proposta do evangelho. E, ali, em comunidade, vivem como irmãos, unidos pela mesma fé. O que os aproxima e os transforma em verdadeiros amigos é a boa nova do Reino de Deus. Eles viviam movidos pelo desejo profundo de construírem um mundo diferente, onde o centro é o amor, formando uma só família, um só coração. Devia ser maravilhoso viver assim, onde todos são iguais, sem diferença de sexo, de cor, de posição social. O que os une tão profundamente é o evangelho de Jesus Cristo.
Hoje, quem vive em comunidade de fé, sabe perfeitamente o quanto é bom estarmos juntos. Quantas pessoas que nunca se viram e que não se conheciam, mas que, de repente, se encontraram na igreja e em pouco tempo se tornaram tão próximos, e por vezes, mais do que os irmãos de sangue. O que será que os uniu e os aproximou? Com certeza, é a mesma fé em Jesus Cristo e o seguimento da sua proposta. E o sentimento de proximidade se torna tão forte, a ponto de viverem como grandes amigos, que se visitam e se ajudam e se preocupam uns com os outros. Formam a verdadeira família de Deus, tantas vezes, muito mais forte e mais sólida do que a família de sangue.
Num mundo marcado por tantos interesses egoístas, fechados em seus próprios mundos e desejos, quem vive em comunidade, aprende a ser solidário e a partilhar a sua vida com os outros. Descobre que a sua vida só tem sentido profundo e verdadeiro, quando colocada a serviço dos outros. Quando sabe partilhar um pouco do tanto que recebeu de Deus, de modo livre, gratuito e desinteressado. Quando coloca seus dons a serviço da igreja, seja no ministério da música, da catequese, da liturgia, enfim, onde dele precisar. Vivendo assim, descobre que a família que Jesus apresenta, é pautada nos valores do evangelho que são o caminho da verdadeira felicidade. Amigos, sempre amigos, amigos que nasceram pela fé, pautados nos valores do evangelho, até quando Deus quiser.
Publicado na edição 1264 – 02/06/2021