As vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul seguem recebendo ajuda de profissionais da saúde e voluntários. Seja na forma de doações entregues nos pontos de coleta espalhados por todo o país ou na presença física, a mobilização continua é grande, uma vez que ainda tem muito trabalho a ser realizado no estado gaúcho.

Muitos araucarienses estão entre esses voluntários, a exemplo do grupo formado por 25 professores e funcionários do Colégio Adventista, que foi até o RS ajudar diretamente na limpeza das casas afetadas pelas enchentes. Também desde que a tragédia assolou aquele estado, o colégio se tornou um ponto de coleta de doações e parte das arrecadações foram levadas por esse grupo de voluntários.

Vivendo o drama de perto

De Araucária também fez parte do grande contingente de voluntários a fisioterapeuta Fernanda Nievola. Ela se dispôs a fazer parte de um grupo formado por profissionais da saúde (fisioterapeutas, médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem) e demais voluntários dos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Fernanda ficou lá uma semana lá e atuou como fisioterapeuta e também na ajuda de atividades de organização, sempre que fosse necessário.

“Atuamos em dois abrigos, em Canoas a estrutura era ótima, porém em São Leopoldo vivenciamos algumas situações bem complicadas.  As condições do abrigo eram precárias, havia cerca de mil pessoas, os presos estavam junto no mesmo espaço, com mulheres e crianças e por questões burocráticas, as doações demoravam pra chegar. Era quase uma situação de abandono e alguns casos que vimos naquele abrigo nos chocaram. Nosso grupo, além de estar lá fazendo a triagem, também fazia a busca ativa dentro dos abrigos, um trabalho que apenas os voluntários faziam, os demais órgãos de ajuda humanitária montavam os hospitais de campanha e o próprio abrigado tinha que procurar ajuda. Já o nosso grupo ia de família em família para saber se tinha alguém doente, se tinha alguém precisando de alguma coisa”, conta Fernanda.

Imagem de destaque - Araucarienses seguem reforçando ajuda às vítimas das cheias no Rio Grande do Sul
A fisioterapeuta Fernanda atuou nos abrigos do RS durante uma semana

A fisioterapeuta relatou um dos casos que mais chamou a atenção do grupo. “Vimos uma senhorinha com demência, que desde que foi para o abrigo, ficou na mesma situação, não tinha tomado banho, estava abandonada e toda urinada. As meninas a limparam com lenços umedecidos e tiveram que jogar o colchão dela fora devido às péssimas condições. A senhorinha ficava em um canto, com umas bonecas e parecia ter sido esquecida. Então a busca ativa nos levou até ela, e foi muito importante porque lá tinham muitas pessoas com leptospirose, com sarna, e elas ficavam no cantinho delas, sempre amoadas. Enfim, foram muitas as dificuldades que presenciamos e vivenciamos naqueles dias, porém saímos de lá com a certeza de dever cumprido, com a certeza de que fizemos muitas coisas que estavam ao nosso alcance e conseguimos ajudar milhares de pessoas”, declarou.