Araucária PR, , 19°C

Padre André Marmilicz: Há mais alegria em dar do que receber

Em Israel, no tempo de Jesus, era muito comum todas as famílias criarem ovelhas. Até hoje, devido às condições geográficas do país, encontramos muitos rebanhos de ovelhas, enquanto viajamos, apreciando a terra onde Jesus viveu. Cada rebanho, naturalmente, tinha o seu pastor. À noite, diversos rebanhos eram colocados num certo lugar, sendo cuidados por um empregado, chamado de mercenário. Na parte da manhã, cada pastor vinha buscar o seu rebanho e, bastava ouvir a sua voz, para colocar-se em pé e o seguir. Eles conheciam o seu pastor pela sua voz, o escutavam e o seguiam. E assim, sucessivamente, cada rebanho se levantava e acompanhava o seu pastor, que as conduzia para verdes pastagens e águas cristalinas.

Usando a imagem tão comum e peculiar para aquele tempo, Jesus se apresenta como o Bom Pastor. Quando determinadas pessoas falam, as ovelhas não reconhecem nelas o seu pastor e por isso não o seguem. Pelo contrário, quando Jesus, o bom Pastor se manifestava, elas escutavam a sua voz e o seguiam, por que sabiam que ele as conduziria para lugares onde tinha vida e vida em abundância. Elas sabiam, pelo seu jeito de ser, de conversar, através de seus gestos e palavras, que ele somente queria o bem e a vida para elas. Não seguiam os fariseus, os escribas, os doutores da lei, porque esses só queriam se aproveitar delas, com interesses e, não por um amor gratuito. A imagem do Bom Pastor foi muito marcante para a igreja primitiva, constituída pelos apóstolos e os primeiros cristãos. Quando estudava em Roma, diversas vezes visitei as catacumbas, onde os cristãos se reuniam para rezar e onde enterravam os seus entes queridos. Como eles eram proibidos de manifestar publicamente a sua fé, era ali, nas catacumbas, que eles faziam suas orações. Sempre me chamou atenção o grande número de afrescos ali presentes. Afrescos são pinturas em pedras, muito comuns naquela época. E um número incontável destes afrescos traz a imagem do bom pastor. Para eles, era sem dúvida, a imagem mais forte para não desanimar e não desistir diante das inúmeras perseguições. Jesus, o bom pastor, estava presente, animando e fortalecendo a sua fé. Quem viaja para Roma, vale a pena visitar as catacumbas e buscar ali energia boa e saudável para manter-se firme na fé.

Assim como Jesus, o Bom Pastor, cada batizado que nele professa a sua fé, é chamado a ser um sinal de vida e de esperança. Como cristãos batizados, somos desafi ados a sermos testemunhas deste Cristo vivo e ressuscitado. Escutamos aqueles em quem confiamos e percebemos que vale a pena dar atenção, porque estão claramente preocupados em conduzir-nos para verdes pastagens, onde existe vida e vida em abundância. Hoje, com certeza, a voz mais escutada no mundo é a voz do papa Francisco. Ele é o pastor que guia o rebanho cristão e, pela sua vida, por seu exemplo, vale a pena parar e o escutar. É claro, assim como aconteceu com Jesus, quando muitos não o escutaram, porque não queriam mudar de vida, hoje também, muitos não escutam a voz do papa. Mas, além do papa, cada um de nós é chamado a seguir Jesus, o Bom Pastor e, a exemplo dele, colocar a nossa vida a serviço dos irmãos. Que o nosso exemplo e testemunho, professado através de palavras e gestos, ajude mais irmãos a nos escutarem e encontrarem em Jesus o caminho, a verdade e a vida.

"As minhas ovelhas escutam a minha voz" (João 10,27)

Publicado na edição 1310 – 05/05/2022

Leia outras notícias
CORRIDA DE RUA