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Foto: Pixabay

Morar em condomínio requer bom senso, já que compartilhar espaços, muitas vezes, pode gerar conflitos, principalmente quando um morador se sente invadido ou lesado por outro. E foi justamente esse sentimento de invasão que acabou gerando uma briga feia entre vizinhos de um condomínio de casas, localizado no bairro Campina da Barra, que virou caso de polícia.

Uma das moradoras está indignada com a presença de 10 gatos entre os vizinhos do condomínio, alegando que cinco deles a “visitam” com frequência, inclusive para fazer xixi na lavanderia da sua casa. Ela disse que até tentou conversar com a síndica e com os donos dos animais para buscar uma solução para o problema, mas não foi ouvida. “Eu fiquei durante um ano tentando conversar com eles, porque comprei minha casa, pago condomínio, e tenho direito de não querer a presença de gatos aqui. Cada um que cuide dos seus e que evite deixá-los perambulando pelas casas dos outros”, comentou a moradora.

Embora cansada de nunca ter sido ouvida, a moradora parecia estar conformada. O problema é que num determinado dia, ela chegou em casa e tinha xixi por tudo na sua lavanderia. “Eu surtei, fiz um escândalo no condomínio, até que a síndica resolveu tomar uma providência e pediu para que alguns moradores reduzissem o número de gatos, ou que colocassem grades em suas casas ou ainda que castrassem seus pets. alguns moradores tentaram se adequar, mas um deles nem deu atenção e permaneceu com todos os gatos. Mas o pior vem agora. Há uns 15 dias atrás, um dos gatos desse vizinho foi morto com um tiro e jogaram o bicho dentro do meu portão, tentando me incriminar. Só sei que jogaram pedras e pedaços de tijolos na minha casa e quebraram uma janela. Agora sim estou surtando de verdade, estou num estado de nervos sem fim, porque tentaram me culpar por algo que não fiz. Quero saber quem vai consertar minha janela, quem vai pagar o prejuízo. Faço tratamento contra um câncer e estou sem dormir direito por causa disso”, reclamou a mulher.

O fato é que essa briga entre vizinhos foi parar na polícia. A moradora registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Araucária, onde relatou ter saído de casa para trabalhar e quando retornou, encontrou a janela da casa quebrada e a suspeita é de o motivo do ataque tenha sido uma represália por parte das pessoas que acreditam que ela tenha mesmo matado o gato.

Regras claras e não abusivas

A sócia proprietária da Araucária Administradora de Condomínios, Letícia Salvi Andrzejevski Dudek, disse que esse assunto é pertinente, pois é inegável que os animais de estimação estão cada vez mais presentes na vida das pessoas e, consequentemente, nos condomínios. Porém, ressaltou que todos tem direitos, moradores com animais, moradores sem animais e os próprios animais. “Entendo como essencial que o condomínio determine regras claras e não abusivas no Regimento Interno, para a melhor convivência de todos. Também o bom senso é indispensável na vida em condomínio. Em muitos casos que acompanhamos no dia a dia do escritório, são os tutores dos animais que acabam desrespeitando regras básicas e incomodando os vizinhos”, explica.

Letícia cita alguns cuidados básicos que podem ser tomados por tutores de animais, para garantir uma boa convivência com a vizinhança. Animais devem permanecer na área privativa (dentro do apartamento, casa do dono); a utilização da área comum pelos animais deve ser realizada, sempre, com acompanhamento do tutor, com guia e coleira; a unidade privativa precisa ter a limpeza redobrada para não prejudicar os vizinhos com mau cheiro.
Para felinos, é essencial a instalação de rede de proteção nas janelas, inclusive para garantir a segurança do próprio animal. Latidos excessivos precisam ser avaliados pelos tutores, principalmente se o animal passa muito tempo sozinho. Essa situação pode resultar em um pedido para o animal ser retirado do condomínio. Se possível, o morador deve instalar câmeras de segurança para gravar e acompanhar o cotidiano do seu animal.

“A dica principal é que antes de ter um animal de estimação, é importante que a família avalie se terá condições de cuidar do pet, não apenas financeiramente, mas realizando passeios, limpeza constante do local onde ele fica e faz as necessidades e fazer companhia ao bichinho. O condomínio não pode proibir a guarda de animais na área privativa, seja por quantidade, raça ou espécie. Mas pode e deve exigir que todos respeitem a segurança, higiene, salubridade e sossego dos demais moradores. Então, se o tutor não garantir que seu animal ou os seus animais respeitem as regras, deverá ser advertido, depois multado e eventualmente acionado judicialmente”, exemplifica Letícia.

Ainda de acordo com a empresária, uma situação que tem trazido bastante dificuldades são os animais abandonados que acabam entrando nos condomínios. “Infelizmente, há falhas do Poder Público e não temos um órgão que faça o recolhimento e acolhimento desses animais. Recentemente presenciamos um caso assim em Araucária, onde os moradores se uniram para acolher um cão de rua que foi atacado por outros cachorros. Graças a ação e doação desses voluntários o animal recebeu tratamento e foi acolhido por uma protetora”, citou.

Ela orienta ainda que. nos casos de perturbação de sossego ou desrespeito às regras do condomínio, os vizinhos devem formalizar as reclamações para o síndico, que por sua vez precisará encaminhar orientações aos proprietários do imóvel. “Sempre orientamos aos gestores que tomem ações com prudência nesses casos, pois nem todas as reclamações devem gerar advertência ou multa”, esclareceu.

Texto: Maurenn Bernardo

Publicado na edição 1292 – 16/12/2021

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