Um dos ditados mais conhecidos de nossos tempos é aquele que ensina que nem tudo que reluz é ouro. De origem desconhecida, ele serve para nos alertar que as aparências enganam.
Em Araucária, o ditado cai como uma luva (fazendo uso de outro ditado) para constatarmos o equívoco do poder público municipal na aplicação de recursos do contribuinte em aparentes soluções para algo que talvez sequer tenha sido um problema.
É o caso da utilização em excesso dos chamados “pisos coloridos” em diversos espaços públicos. A aplicação das placas de plástico deixava o ambiente bonito, mas em muitos casos se mostrou algo feito sem qualquer tipo de projeto embasando sua instalação.
Vejamos, por exemplo, a opção pela colocação dessas placas sobre a pista de caminhada do Parque Cachoeira. As placas causaram um efeito visual muito elogiado pela maioria das pessoas. No entanto, utilizar a pista após a instalação dessas placas se mostrou um desafio.
O mero sereno que caia sobre as placas de plástico deixava o piso escorregadio. Com o sol, caminhar pela pista se tornava incômodo, vez que os blocos dilatavam e se soltavam, deixando o local desuniforme.
Não poucas vezes rajadas de vento arrancavam os blocos do lugar, fazendo com que alguns literalmente voassem, perigando machucar pedestres desavisados que – do nada – poderiam ser atingidos por placas voadoras.
Embora tenha insistindo por meses, o gestor do momento teve que engolir em seco o fato de que o local não era o adequado para aqueles pisos e, recentemente, retirou por conta dos cofres públicos a pista que muitos problemas geraram.
Um olhar menos atento pode fazer crer que “ufa, pelo menos a pista maldita foi retirada”. Mas, em administração pública, as coisas não funcionam assim. E não funcionam assim porque o recurso aplicado em qualquer obra ou serviço não é do gestor. É do contribuinte! É meu. É seu! É nosso!
E por ser de todos é preciso haver planejamento e embasamento técnico antes de investir qualquer centavo do erário em qualquer ação governamental. E no caso concreto não vimos isso!
Houve, no mínimo, desperdício de recursos públicos com a instalação dessas placas e é preciso investigar de quem é essa responsabilidade. Fazer isso é um modo de defender o erário.
Edição n.º 1440.