Araucária PR, , 21°C

Carta do editor: O perigo pode estar dentro de casa
Foto: Divulgação

A notícia da prisão de um pai que estuprava a filha e armazenava as imagens dos crimes no próprio celular chocou Araucária nos últimos dias.

A ojeriza que a notícia causou é necessária. Mas, tão necessário quanto condenar o ato, é manter o olhar atento a esse tipo de caso. E, infelizmente, na maioria dos casos, esse olhar precisa estar voltado para dentro de casa.

Exatamente! Por mais absurdo que pareça, a grande maioria dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes acontece no contexto familiar.

Para se ter uma ideia do tamanho do problema, 67% das meninas vítimas de violência sexual em nosso país são atacadas dentro de casa. E, pior, em 85,1% das vezes, o autor do crime era conhecido da menina.

Ou seja, o caso da adolescente araucariense de 13 anos abusada pelo próprio pai, choca, mas não surpreende. E não surpreende porque enquanto você lê esse texto alguma outra criança ou adolescente, do sexo feminino ou masculino, está sendo abusada por uma pessoa que ela sempre confiou. E essa pessoa é o próprio pai, mãe, irmão, avó, primo, tio. Enfim, gente do próprio sangue, como muitas pessoas gostam de ressaltar para – vejam só – enaltecer as relações familiares.

Apenas para te deixar ainda mais alerta sobre o tamanho do problema, estudo feito a pedido do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostrou que foram 46.863 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em 2021, 53.906 em 2022 e 63.430 em 2023, o que equivale a uma ocorrência a cada oito minutos, isto se levarmos em conta o último dado disponível.

Isto mesmo, a cada oito minutos uma criança ou adolescente tem sua vida marcada por uma violência que ela irá ter que lidar para o resto da vida. Diante de um quadro tão absurdo quanto este, nos resta – além da indignação – o olhar atento. Nenhum estuprador deve ser protegido porque tem um vínculo de sangue contigo. Ele deve ser entregue as autoridades para – dentro do que a lei permite – pagar pelo seu crime! E, se você não fizer o seu papel, você é cúmplice.

Este é o alerta! E, lembre-se, denúncias de violações de direitos contra crianças e adolescentes podem ser feitas diretamente ao Conselho Tutelar, autoridades policiais e também pelo Disque 100. A ligação é gratuita!

Edição n.º 1449.

Leia outras notícias