Na tarde desta terça-feira, 10 de dezembro, os candidatos eleitos no primeiro domingo de outubro foram diplomados pela Justiça Eleitoral de Araucária. A cerimônia é, digamos assim, a última etapa do processo democrático sob o comando de um togado.
É como se – naquele momento – o juiz eleitoral dissesse “toma, você foi eleito, a bola está contigo para bem representar a sociedade que o escolheu”.
Porém, como de praxe, antes de passar a bola, o juiz eleitoral sempre faz aquela análise das eleições. E desta vez não foi diferente! E, novamente, a análise do magistrado pode ser entendida como um verdadeiro “pito”.
O “pito”, obviamente, não é direcionado aos eleitos. Aos eleitos deseja-se sorte, sucesso, probidade, essas coisas. O “pito” foi direcionado ao sistema que é essencialmente bancado com recursos públicos, mas que – de certa forma – não possibilita que o parlamento do povo, que é a Câmara de Vereadores, seja um extrato da sociedade araucariense.
A próxima legislatura, por exemplo e novamente, não terá uma única mulher! Terá apenas um negro! Um absurdo! E esse absurdo se torna ainda mais visível quando – como bem lembrado pelo juiz eleitoral – a Justiça estipula um número mínimo de candidaturas femininas. Estipula uma fatia exclusiva dos recursos públicos para essas candidaturas. Logo, deveríamos ter esse percentual de representantes sendo eleitos, ou pelo menos algo muito próximo disso. Porém, não foi o que as urnas trouxeram!
Também como bem lembrado pelo magistrado, a estrutura partidária – novamente – tem se mostrado algo apenas “para inglês ver” em nosso país e, por consequência, em nossa cidade. Tanto é que a própria prestação de contas dos candidatos eleitos foi majoritariamente reprovada pela Justiça Eleitoral. E o foi porque os partidos enquanto estruturas físicas, juridicamente constituídas, não existem em nossa cidade.
São espécies de MEIs, cujo mando não é de seus filiados e sim de caciques políticos. Exatamente! Caciques políticos que usam essas estruturas para se manter no poder e não para dividir o poder com seus filiados e assim fazer a democracia.
Edição n.º 1445.