Clima de Flaflu

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A disputa do clássico Flamengo versus Fluminense sempre mobilizou grande parte dos habitantes da outrora capital brasileira. Antes da violência quase institucionalizada nos estádios de futebol, quase sempre ligada às ditas “torcidas organizadas”, muitas regiões tinham seus habitantes divididos nas polarizadas disputas esportivas, que ocorriam em ambiente alegre e festivo. Lembro bem que, na minha infância no interior do RS, cedo começavam as pressões para que aderíssemos à torcida do Inter ou à do Grêmio. Tornei-me gremista porque, por volta dos seis anos, ganhei uma pequena camiseta com o escudo do time. Passei a torcer para o tricolor gaúcho, cercado por uma família exclusivamente colorada, e até hoje acompanho o “Imortal Tricolor” sem ter participado de qualquer briga. Assim era na maioria das cidades e em quase todos os rincões do país: o meu time contra o teu. Felizmente, na maioria absoluta dos casos, a rivalidade sempre foi levada a um nível aceitável. E, na Copa do Mundo de Futebol, quando quase todos ficavam roucos de tanto gritar na torcida pela Seleção Canarinho. A sabedoria popular sempre nos disse que os assuntos de futebol, religião e política não devem ser discutidos entre amigos. Mas, como resistir a temas que facilmente nos colocam em dois grupos? Assim, periodicamente a população vê-se envolvida em intensos debates. Tivemos tempos de ditadura, onde as opiniões que o poder dominante julgava inadequadas eram reprimidas com maior ou menor violência. Poucos tiveram a oportunidade de vivenciar debates políticos de alto nível, dada a juventude da nossa democracia. Religião, felizmente, é um tema em que nos destacamos mundialmente pela tolerância no convívio das diferenças. No futebol, se discute o controle da violência nos estádios e em seu entorno. É preciso iniciar uma campanha pela civilidade na discussão política. As instituições de todas as instâncias da democracia brasileiras estão funcionando plenamente e podemos torcer pelo nosso time ou candidato sem que descambemos para a violência e destruição. Os candidatos que disputaram o segundo turno da eleição presidencial gastaram quase 600 milhões de reais na campanha eleitoral e os grandes financiadores, que representam o grosso dos recursos, foram quase os mesmos nas duas candidaturas. Aperfeiçoar o sistema político é uma tarefa onde todos deverão dar sua contribuição. Definitivamente, a luta política nas democracias, não é uma luta do bem contra o mal. É a luta de todos que querem o bem do Brasil e dos brasileiros.

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