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Combate ao Bullying e à Violência: o desafio das escolas em garantir um ambiente seguro!

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Foto: Divulgação
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O Combate ao Bullying e à Violência na Escola teve o Dia Nacional lembrado em dia 7 de abril. Porém o tema deve estar sempre em evidência, uma vez que o bullying pode trazer graves consequências para quem é vítima, tanto psicológicas como físicas. É por isso que várias ações efetivas de conscientização são promovidas, visando prevenir e combater o bullying, bem como outras formas de violência, propiciando um ambiente escolar seguro, acolhedor, para o desenvolvimento saudável dos estudantes.

Para abordar o tema, o Jornal O Popular conversou com diretores de escolas e com o Conselho Tutelar, que falaram sobre a importância da data e deram dicas valiosas sobre como lidar com essas questões e promover uma cultura de respeito e empatia nas escolas.

No Colégio Marista Sagrado Coração de Jesus, o Instituto Marista vê a temática de combate e prevenção ao bullying como um compromisso primordial, uma vez que constitui os programas de promoção da cultura do cuidado integral. Durante todo o mês de abril, em virtude do Dia Nacional de Combate ao Bullying (07/04), o Marista conta com ações específicas sobre essa temática tão urgente.

Na última sexta-feira (5), por exemplo, o Colégio promoveu diálogos e reflexões acerca do posicionamento que cada um assume frente a brincadeiras, falas inadequadas e situações injustas, em todos os ambientes da escola. “É importante termos ações que nos remetam ao respeito e acolhimento às diferenças, e refletir nos momentos de escolhas equivocadas. Através da interação e do movimento, as crianças e os jovens assumiram o protagonismo e movimentaram toda a comunidade escolar. Os movimentos seguem, porque precisamos despertar a consciência de todos para buscar viver um mundo com mais fraternidade, assim como nos convida a campanha da fraternidade deste ano”, declara a direção.

O Marista também desenvolve o projeto Sagrados Sentimentos, que envolve alunos desde a educação infantil até o ensino médio. O projeto promove temáticas de respeito e desenvolvimento de habilidades socioemocionais. Esse espaço seguro de cuidado faz parte da rotina escolar, com acolhimento de relatos e diálogos que permitem a cada criança e adolescente relatar as situações que tem enfrentado, e quando não se sentem confortáveis, após essa escuta, são encaminhados para ações que promovem reflexão para ampliação da consciência.

“Em cada dia somos desafiados por situações no ambiente escolar e no ambiente virtual, ainda que algumas redes sociais não permitam o acesso de menores de idade, por exemplo, sabemos que com frequência encontramos crianças e jovens nestes ambientes também. Seguimos orientando e promovendo campanhas e inclusive ações previstas no plano de aula de professores, que tenham o foco na promoção do respeito”, declara a direção.  

Quebrando o Silêncio

No Colégio Adventista Araucária o bullying é um tema que faz parte do componente curricular, principalmente nas disciplinas de Cultura Geral, Ensino Religioso e Projeto de Vida. A cooperação, o respeito, o zelo e o cuidado são temas sempre presentes no currículo real do colégio, como tema transversal.

O projeto Quebrando o Silêncio também aborda o bullying, envolvendo as vivências dos próprios estudantes. “É um projeto educativo e de prevenção contra o abuso e a violência doméstica, promovido anualmente pela Igreja Adventista do Sétimo Dia em oito países da América do Sul (Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai, Peru e Uruguai) desde o ano de 2002”, ilustra a direção.

“Não é brincadeira!”

O Colégio Estadual Agalvira Bittencourt Pinto trabalha forte na conscientização, visando combater o bullying. “Sempre orientamos os alunos a não fazerem para os outros aquilo que não gostariam que fizessem para eles. É como um lema aqui na escola. É claro que com o grande número de alunos que atendemos, sempre acontece algum probleminha, então nós chamamos os envolvidos para conversar e explicar que determinada atitude ou fala não é legal, não é um tipo de brincadeira, é ofensa, e tentamos conscientizá-lo a não fazer mais aquilo”, diz o diretor Alessandro Vieira Rosa.

Ele ilustrou que no próximo sábado (13/04), irá ministrar uma palestra sobre bullying, organizada pelo Rotary, em um colégio da Cidade Industrial de Curitiba, onde falará sobre a experiência do Agalvira com relação à questão. “Vamos mostrar como tentamos combater o bullying, porque eles vivem em uma realidade semelhante à nossa, somos escolas de periferia, que convivem com a violência. Mas posso adiantar que diante de tantos problemas que tínhamos a esse respeito, conseguimos sanar em cerca de 90%. Não é processo de um dia, essa conscientização demorou anos até conseguirmos fazer nossos alunos entenderem que o direito de um termina quando começa o direito do outro”, afirma Alessandro.

No Colégio Estadual Professor Júlio Szymanski o bullying é um tema que também vem merecendo atenção especial. O colégio trabalha a questão de forma mais individual e pontual. As pedagogas conversam com as turmas, e individualmente com o aluno, quando necessário. “Estamos elaborando um material mais completo, incluído as mudanças na legislação, para trabalhar o tema bullying com pais e alunos, na próxima reunião de pais”, comentou a direção.  

Bullying agora é crime e precisa ser denunciado!

No último dia 15 de janeiro, o Congresso sancionou a Lei 14.811/2024 que passa a punir com multa e até prisão quem cometer bullying ou cyberbullying. A partir da nova legislação, as vítimas de bullying, principalmente nas escolas, onde costumam ocorrer a maioria dos casos, podem buscar outros recursos.  Segundo o Conselho Tutelar de Araucária, as escolas já tem a orientação sobre as práticas pedagógicas em relação a este problema, porém a partir do momento em que o bullying se tornou crime, é importante que as vítimas procurem as delegacias especializadas e registrem boletim de ocorrência, pois os agressores serão responsabilizados criminalmente.

“Hoje presenciamos muitos casos onde a criança sofre bullying e não percebe a gravidade da situação. Por isso a importância dos trabalhos de conscientização, para que o aluno saiba identificar e denunciar o bullying. Algumas vítimas ainda entendem como brincadeira, mesmo não estando se divertindo, às vezes por medo ou coação, demoram a pedir ajuda, o que pode trazer danos para a vítima”, explica a conselheira Patrícia Soares.

Segundo ela, entre as formas mais comuns de bullying mais atendidas pelo Conselho estão os apelidos pejorativos, xenofobia, homofobia, gordofobia, preconceito religioso, além das questões relacionas a aparência física fora dos padrões da mídia e racismo. “Todas essas questões foram tratadas pedagogicamente, e também com registro de boletim de ocorrência e aplicação de medidas de proteção. Mas reforço que assim como em outras matérias, a escola tem o papel de informar, de conscientizar, mas cabe à família o papel fundamental para prevenir o bullying. A escola não dá conta de combater o bullying sem a presença da família no diálogo, orientação e formação dos filhos”, orienta.

A conselheira lembra ainda que os danos provocados entre as vítimas de bullying são cientificamente comprovados, citando a depressão, isolamento social, crise de pânico, distúrbios comportamentais e até mesmo ideação suicida. “O diálogo, algo infelizmente escasso nos dias de hoje, o tempo de qualidade e muita reflexão são maneiras de os pais lidarem com essa questão junto aos filhos. Por vezes, com a agitação do dia a dia, a vida passa tão rápido que não dá tempo de conversar. Mas acredito muito no poder do diálogo, da troca de experiência e das vivências de qualidade, sem a interferência da rede social. É um desafio, mas acredito ser a melhor maneira de abordagem”, salienta.

Considerando o dano causado pelo bullying, Patrícia Soares lembra que o apoio psicológico é fundamental para superação dessa violência. “A vítima pode procurar a Unidade Básica de Saúde e solicitar esse atendimento. Também é importante comunicar a polícia para que o agressor seja responsabilizado. Em se tratando de criança, o Conselho Tutelar pode ser acionado, para a aplicação das medidas cabíveis. É dever de todos combater o bullying. Não minimizar os fatos, sermos acolhedores com as vítimas, conscientizarmos sobre as consequências dessa pratica. Não reproduzir, repassar, ou comentar qualquer tipo de ações sugestivas de bullying. Acredito que estar atento no dia a dia é uma forma da sociedade combater o bullying. Sempre prezando pelo diálogo e reflexão”, aconselha.